Através do "Mbaraka': música e xamanismo guarani.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Montardo, Deise Lucy Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-11032003-152546/
Resumo: Este trabalho teve como foco central a música dos rituais xamanísticos realizada pelos índios Guarani Kaiová, do tronco lingüístico tupi-guarani. Os Guarani com seus três subgrupos têm no Brasil um total de cerca de 40.000 pessoas. A pesquisa de campo teve duração total de oito meses, durantes os quais residi na casa de meus informantes guarani kaiová, nhandeva e mbyá nas áreas Amambai e Pirajuy, no Estado do Mato Grosso do Sul, e Mbiguaçu e Morro dos Cavalos, no Estado de Santa Catarina. Apresento a narrativa da história de vida e da iniciação ao xamanismo da mulher que foi minha principal informante, Odúlia Mendes, chamando a atenção para como, tanto em sua vida como nos mitos de criação guarani, os cantos e as danças são o caminho através do qual ocorre a comunicação e o encontro com as divindades e com os criadores ancestrais e se viabiliza a continuidade da sobrevivência da Terra. Através da análise do material musical, das letras das canções e das coreografias do ritual exploro uma série de aspectos da teoria musical nativa, bem como identifico dois gêneros distintos, um relacionado à prece e outro à guerra. Na performance analisada a xamã que a conduz exorta os participantes a ouvir, no gênero que identifiquei estar relacionado à prece a ao sentimento de saudade. Enquanto ouvem, cantam e dançam há uma polifonia de vozes, da xamã, dos deuses, dos participantes, que vão se alternando enquanto é percorrido o caminho. O outro gênero é acompanhado por coreografias de luta, movimentos de ataque e defesa descritos pelos informantes como um treino de habilidade para formação de guerreiros. Os Guarani têm quinhentos anos de contato com o "Ocidente", e neste trabalho, através do estudo da música nos seus rituais cotidianos e comparando com dados de outros grupos indígenas e de outros continentes, verifica-se como as práticas rituais são constitutivas da sua cultura.