Investigação sobre alterações cardíacas que ocorrem no envenenamento pela peçonha do escorpião Tityus serrulatus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Reis, Mouzarllem Barros dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17147/tde-01062020-091857/
Resumo: O envenenamento por Tityus serrulatus induz sintomas locais ou sistêmicos, como dor intensa e inflamação. No envenenamento severo, reações sistêmicas culminam em edema agudo de pulmão e choque cardiogênico, que potencialmente pode levar à morte. Nosso grupo demonstrou que os receptores de reconhecimento padrão, como TLR2 e TLR4 em macrófagos, reconhecem a peçonha de T. serrulatus (TsV) resultando na produção de mediadores pró-inflamatórios, como citocinas e eicosanoides. Além disso, a inoculação de camundongos com TsV induz edema pulmonar e morte mediados pela ativação do inflamassoma NLRP3 e liberação de IL-1β, por um processo regulado por mediadores lipídicos. No entanto, os mecanismos responsáveis pelas manifestações cardíacas durante o escorpionismo são pouco conhecidos. Assim, neste projeto, empregando animais selvagens (C57Bl/6 ou WT) ou deficientes do receptor para IL-1β (Il1r1-/-) inoculados com dose letal de TsV (180 µg.kg-1), avaliamos a função cardíaca, por meio da técnica de ecocardiograma e canulação da carótida, e determinamos a pressão arterial, função cardíaca, a produção de mediadores inflamatórios no tecido cardíaco e a liberação de neurotransmissores sistemicamente. Observamos que ocorre aumento da produção de IL- 1β e PGE2 no tecido cardíaco somente em camundongos C57Bl/6, e que a sinalização mediada por IL-1β é essencial para as alterações da frequência cardíaca e a da pressão arterial, uma vez que em camundongos Il1r1-/- ou animais WT tratados com dexametasona não ocorre queda na pressão arterial, batimentos cardíacos e nem alterações no ecocardiograma, além de sobreviverem ao envenenamento. Além disso, demonstramos que sinalização dependente do receptor IL-1R é essencial para a produção de PGE2, que por sua vez, via receptores EP2/EP4, controla a liberação de acetilcolina, mas não de adrenalina ou noradrenalina. Além disso, determinamos que fibroblastos cardíacos, mas não os cardiomiócitos, produzem IL-1β após estimulação com o veneno in vitro. Esses dados comprovam que no envenenamento por escorpião, ocorre ativação do eixo IL-1β/IL- 1R/PGE2/EP2-EP4/ACh responsável pela liberação de acetilcolina que leva à disfunção cardíaca e mortalidade. Com base nos nossos resultados, estamos propondo que além da administração do soro antiescorpiônico, seja feita terapia adicional com alta dose de corticoide logo após a picada pelo escorpião, para prevenir a liberação dos mediadores inflamatórios e de acetilcolina, e assim minimizar o risco de morte no escorpionismo.