Segurança do paciente em Unidade de Terapia Intensiva: fatores dos pacientes, dos profissionais e do ambiente das práticas de enfermagem na ocorrência de eventos adversos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Santoro, Cristiane Moretto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-09122019-142147/
Resumo: Introdução: Fatores estruturais das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) relacionados aos pacientes, aos profissionais de enfermagem e ao ambiente das práticas podem associar-se à ocorrência de eventos adversos (EAs) comprometendo a segurança dos pacientes. Portanto, identificar esses fatores poderá contribuir para melhores práticas e redução de riscos desnecessários. Objetivo: Analisar as características dos pacientes (demográficas, clínicas, de internação e demanda de trabalho), dos profissionais (biossociais, burnout, satisfação profissional) e ambiente das práticas de enfermagem na ocorrência de EA moderados, graves e óbitos em UTI. Método: Estudo observacional, do tipo coorte histórico para análise das características dos pacientes e incidentes, realizado na UTI de um hospital privado, de nível terciário, em São Paulo, Brasil, de janeiro de 2013 a dezembro de 2014, seguido de estudo transversal com os profissionais de enfermagem, em janeiro de 2015. Dados demográficos e clínicos, incluindo Simplified Acute Physiology Simplified Score 3 (SAPS-3), Índice de Comorbidades de Charlson (ICC), Nursing Activities Score (NAS) e EAs foram obtidos dos prontuários eletrônicos e documentos digitais existentes na Unidade. Os EAs foram caracterizados segundo Classificação Internacional para Segurança do Paciente (CISP) da Organização Mundial da Saúde (OMS). A coleta de dados dos profissionais de enfermagem foi feita com a aplicação de um questionário sobre as características biossociais e de trabalho da equipe, juntamente com outros três instrumentos: Maslach Burnout Inventory (MBI), Index of Work Satisfaction (IWS) e Nursing Working Index-Revised (B-NWI-R), para o estudo do burnout, satisfação profissional e percepção sobre o ambiente das práticas, respectivamente. Para análise das variáveis de interesse, utilizaram-se os testes t Student, Mann Whitney e correlação de Spearman, além do modelo de regressão logística e linear múltipla. Considerou-se significativo valor p>0,05. Resultados: Das 5590 admissões no período, predominaram pacientes masculinos (52,43%), com média de idade de 67,63 anos e médias do ICC e do NAS de, respectivamente, 1,71 pontos e 56,41%. Os pacientes permaneceram na UTI, em média 3,79 dias. A probabilidade de óbito medida pelo RM SAPS 3 foi 16,90%, sendo a mortalidade observada de 8,39%. No período de dois anos, ocorreram 213 (55,20%) EAs de gravidade moderada/grave/óbito com maior frequência do tipo infecção associada à assistência (71,40%). Foram fatores dos pacientes associados à ocorrência de EA moderado, grave e óbito o tempo de permanência (p=0,00), RM SAPS-3 (p= 0,00) e NAS (p=0,01). Quanto aos profissionais de enfermagem a amostra foi composta por 36 enfermeiros e 33 técnicos de enfermagem. Observou-se que do total (69), 7 (10,10%) dos enfermeiros apresentaram burnout. Referente à satisfação profissional, 47,80% da equipe encontrava-se satisfeita, com média de 4,4 pontos (dp=0,62). O ambiente das práticas profissionais foi de 1,95 pontos (dp=0,46), indicando percepção de condições favoráveis para o trabalho. Os fatores dos profissionais associados ao burnout foram as horas de sono suficientes (p=0,04), que diminuem em 43% a chance de presença da síndrome. Sobre a satisfação profissional, também horas de sono suficientes (p=0,02) e média B-NWI-R (p=0,00) foram associados à satisfação. Horas de sono suficientes aumentaram em 0,25 pontos o ISP e cada ponto reduzido do B-NWI-R aumentaram em 0,01 a satisfação profissional. Idade (p=0,04) e horas de sono necessárias (p=0,01) foram os fatores associados à percepção do ambiente das práticas pelos profissionais. Os fatores de risco dos profissionais para a ocorrência de eventos adversos na UTI não foram possíveis pelo pequeno número de profissionais participantes no estudo Conclusões: Tempo de permanência (p=0,00), RM SAPS-3 (p= 0,00) e demanda de cuidados NAS (p=0,01) foram os fatores dos pacientes associados aos eventos adversos moderados, graves e óbitos na UTI. Dada a importância do tema, recomenda-se a continuidade da investigação dos fatores da equipe de enfermagem relacionados à ocorrência desses incidentes em amostras mais amplas para a obtenção de melhores evidências.