Avaliação da capacidade funcional, da função miocárdica e de biomarcadores cardíacos em pacientes com miocárdio não-compactado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Aoki, Anderson Fonseca
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-04102021-142547/
Resumo: Introdução: O miocárdio não-compactado (MNC) é uma doença cardíaca caracterizada pela presença de trabeculações miocárdicas proeminentes e recessos intertrabeculares profundos e apresentam duas camadas distintas: compactada e não compactada. As manifestações clínicas mais frequentes são a insuficiência cardíaca, as arritmias e os fenômenos tromboembólicos. O ecocardiograma é o método diagnóstico de primeira linha, enquanto a ressonância magnética cardíaca é o padrão ouro no diagnóstico. O papel do teste de esforço cardiopulmonar (TCP) e dos biomarcadores cardíacos não está bem definido nessa doença. Dessa forma, este estudo tem por objetivo avaliar a capacidade funcional dos pacientes com MNC e verificar a sua relação com os parâmetros ecocardiográficos, peptídeo natriurético cerebral (BNP) e troponina I. Métodos: Foram selecionados prospectivamente 59 pacientes divididos em 3 grupos: grupo com fração de ejeção (FE) >50% - G1, grupo com FE entre 40 - 50% - G2, e grupo com FE < 40% - G3, com diagnóstico de MNC. Adicionalmente, foram selecionados 11 voluntários saudáveis para o grupo controle (GC). Todos os indivíduos foram submetidos ao ecocardiograma bidimensional com Doppler tecidual e índices de deformação miocárdica, avaliação do consumo máximo de oxigênio (VO2 max) e limiares ventilatórios por meio do TCP, dosagem de troponina I e BNP. Resultados: Foram incluídos 25 pacientes, 15(60%) do gênero feminino, 43 ± 13 anos no G1, 16 pacientes, 7(43%) do gênero feminino, 44 ± 14 anos no G2 e 18 pacientes, 8(44%) do gênero feminino, 42 ± 12 anos no G3 e 11 indivíduos, 7(63,3%) do gênero feminino, 38 ± 9 anos no GC. Houve redução do consumo de oxigênio máximo relativo (VO ml/kg/min) em todos os grupos de MNC em relação ao GC (GC= 34,5 ± 5,3, G1= 25,56 ± 5,6, G2= 25,12 ± 7,7 e G3= 21,86 ± 6,3 ml/kg/min, p< 0,001), entretanto, não houve diferença quando comparados os grupos com MNC (p= 0,37). Além disso, o VO do limiar anaeróbio foi inferior em todos os grupos de MNC em relação ao GC (GC= 22,88 ± 3,3, G1= 17,30 ± 4,7, G2= 18,58 ± 5,2, e G3= 15,65 ± 3,7 ml/kg/min, p< 0,001). Houve aumento da massa ventricular indexada em todos os grupos quando comparado ao GC (GC= 51,17 ± 22,02, G1= 88,99 ± 23,68, G2= 106,81 ± 37,90 e G3= 107,91 ± 46,25 g/m2, p< 0,001), entretanto, não houve diferença entre os grupos de MNC, p= 0,72. Em relação à função diastólica, G2 e G3 apresentaram redução do pico de velocidade da onda E` septal quando comparado ao grupo controle (GC= 14,0 ± 2,4, G2= 8,92 ± 3,0 e G3= 6,86 ± 3,9 cm/s, p< 0,001), enquanto E/E´estava aumentada no G3 em relação a todos os outros grupos (p< 0,001). O G2 e G3 apresentaram diminuição do strain global longitudinal quando comparado ao GC e G1 (GC= -19,18 ± 1,7%, G1= -19,49 ± 2,7%, G2= -12,64 ± 7,3%, e G3= -11,1 ± 2,3% p < 0,001). No entanto não foram encontradas alterações significativas no G1 em relação ao GC. Os níveis de BNP estavam aumentados no G3 em comparação aos outros grupos (p < 0,05), mas não foram encontrados diferenças nos níveis de troponina I. Houve correlação positiva entre o VO e E` (r= 0,56, p < 0,001) e inversa entre o VO e E/E` (r= -0,53, p< 0,001). Além disso houve uma correlação inversa entre o VO e o BNP (r= -0,50, p < 0,001). Conclusão: Nossos resultados mostram que pacientes MNC apresentam alterações progressivas para a capacidade funcional e biomarcadores de acordo com a piora da FE. Além disso, os pacientes com função preservada já apresentam alterações do consumo de oxigênio, morfologia ventricular e função diastólica sugerindo disfunção miocárdica subclínica. Dessa forma, a terapêutica clínica pode ser considerada nessa forma inicial da doença