Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e síndrome dos ovários policísticos (SOP): associação do polimorfismo no gene da patatin-like phospholipase domain containing 3 (PNPLA3) e alterações endócrinas e metabólicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Recuero, Amanda Medeiros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-19072022-163406/
Resumo: Introdução: A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) apresenta alta prevalência em mulheres portadoras de síndrome dos ovários policísticos (SOP), variando de 35 a 70%, comparado a cerca de 30% na ausência de SOP. A avaliação da DHGNA e seus fatores de risco nestas pacientes, adquire grande importância, uma vez que a doença se manifesta em idades mais precoces, além de haver maior prevalência de formas mais avançadas. Dentre os principais fatores de risco, o polimorfismo de nucleotídeo único (SNP) no gene da Patatin-like Phospholipase Domain Containing 3 (PNPLA3) rs738409 c.444 C>G, p. I148M, foi identificado como o principal fator de risco genético para o desenvolvimento e progressão da DHGNA. Objetivos: Determinar a frequência deste polimorfismo em pacientes com SOP e seu impacto na susceptibilidade e gravidade da DHGNA, além de avaliar a relação do mesmo com as alterações endócrinas e metabólicas. Métodos: Estudo transversal que avaliou pacientes com SOP atendidas em centro terciário. A presença de DHGNA foi determinada com base em ultrassom abdominal e exclusão de causas secundárias de hepatopatias. O grau de fibrose foi definido através da elastografia hepática transitória. Todas as pacientes foram avaliadas quanto à presença do polimorfismo rs738409 no gene da PNPLA3. Resultados: A amostra final foi de 163 pacientes, com evidência de DHGNA em 72,4% delas. O polimorfismo apresentou-se em heterozigose (CG) em 41,7% e em homozigose (GG) em 8% das pacientes. Mulheres com o polimorfismo apresentavam menores níveis de testosterona livre (p=0,032) e total (p=0,021). Alterações do índice de HOMA-IR ocorreram em 75% da amostra e, após regressão logística múltipla, foi o principal fator independente associado ao risco de desenvolvimento de DHGNA (OR=4,313, p=0,022), tendo seu efeito amplificado pela presença do polimorfismo (CG/GG) (OR=12,198, p=0,017). Valores de HDL50 mg/dL apresentaram associação negativa com a DHGNA (OR=0,237, p=0,003). Idade superior a 32 anos também se associou a maior risco para DHGNA (OR=3,833, p=0,007). Em relação a fibrose clinicamente significativa, somente síndrome metabólica (SM) manteve associação independente com o desfecho (OR=3,071, p=0,027) após regressão logística múltipla ajustada para idade e níveis de ALT. Por fim, SM (OR=13,030, p=0,020) e AST > 32 U/L (OR=9,039, p=0,009) foram fatores de risco independente para fibrose avançada. Conclusão: Em pacientes com SOP, o polimorfismo rs738409 do gene da PNPLA3 não apresenta associação independente com a DHGNA ou suas formas avançadas, tampouco com alterações metabólicas. A resistência insulínica é o principal fator de risco para DHGNA nestas mulheres e, quando em interação com o polimorfismo, atua de maneira sinérgica contribuindo para um risco ainda maior de desenvolvimento da doença. Idade superior a 32 anos associa-se a maior risco de DHGNA e maiores níveis de HDL conferem proteção ao desfecho. SM é o principal fator de risco associado a fibrose clinicamente significativa ou avançada nesta população