Associações entre problemas de saúde mental, comportamento alimentar e estado nutricional de pré-escolares no Município de Ribeirão Preto/SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Rios, Maria Tereza Cunha Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-20112019-160523/
Resumo: O Brasil vive uma transição nutricional, com mudanças no padrão alimentar, redução nos índices de desnutrição e aumento nos índices de obesidade em todas as faixas etárias, incluindo a infância. A obesidade infantil também pode estar associada a problemas na saúde mental de crianças muito novas, como ansiedade, depressão e problemas de comportamento. Sabe-se que o comportamento alimentar das crianças tem relação com seu estado nutricional, e ele começa a ser desenvolvido desde muito cedo na vida das crianças. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar o comportamento alimentar e a saúde mental entre crianças de dois a quatro anos de idade e analisar possíveis associações entre estado nutricional, comportamento alimentar e problemas emocionais e/ou comportamentais neste grupo. Participaram 95 pais/responsáveis divididos em três grupos: eutróficos (N=34), sobrepeso (n=34) e obesidade (N=32). Os participantes responderam um questionário sociodemográfico, uma escala de rastreamento de problemas psicológicos e outra para investigação do comportamento alimentar. As entrevistas ocorreram em unidades de saúde ou na residência dos participantes, com duração média de 30 minutos. Os dados foram submetidos à estatística descritiva e inferencial. A média de idade dos participantes foi de 32,7(±7,39), exclusivamente mulheres; 25,3% das crianças tinham dois anos, 38,9% três e 35,8% estavam com quatro anos. As subescalas que tiveram maiores pontuações foram Prazer em comer (3,92) e Desejo de beber (3,34) e observou-se diferença estatisticamente significante entre sexos em Resposta à saciedade (t = 2,433; p = 0,018), com resultados mais elevados para as meninas, e entre grupos etários em Seletividade Alimentar (F(2;92) = 8,02, p = 0,001), com as crianças de dois anos apresentando menores pontuações. As crianças obesas obtiveram escores maiores nas subescalas de comportamento alimentar que refletem maior interesse pela comida, enquanto as eutróficas apresentaram melhores resultados naquelas que refletem menor interesse pelo alimento. Houve diferença significativa entre o grupo de obesos (maior média) com eutróficos (p = 0,01) e com sobrepeso (p < 0,001) quanto a Sobreingestão emocional; entre grupo sobrepeso (menor média) com eutróficos (p = 0,03) e com obesos (p = 0,03) quanto a Desejo de beber; e entre grupo obeso (menor média) e eutrófico quanto a Resposta à saciedade (p = 0,05). No que tange à saúde mental, 27,4% das crianças apresentaram escores muito altos no instrumento, sinalizando problemas psicológicos; as maiores pontuações médias ocorreram nas subescalas Hiperatividade (4,75) e Problemas de Conduta (4,75). Resposta à saciedade correlacionou-se com Problemas emocionais (r = 0,215; p = 0,037) e Hiperatividade (r = 0,244; p = 0,017); Subingestão emocional apresentou correlação com Problemas de conduta (r = 0,334; p = 0,001), Hiperatividade (r = 0,358; p = 0,000) e Problemas de relacionamento (r = 0,321; p = 0,002). Há evidências da associação entre estado nutricional e comportamento alimentar bem como deste último com saúde mental. Neste sentido, os resultados alertam para a necessidade de atenção ao comportamento alimentar e à saúde mental de crianças muito novas, visando à prevenção de problemas na saúde mental e do ganho de peso