Obesidade infantil: aspectos comportamentais, sintomas psicológicos e percepção corporal de mães e crianças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Bombarda, Luana Valera [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/142868
Resumo: Introdução: A obesidade infantil teve considerável aumento em sua prevalência nos últimos anos, acarretando prejuízos físicos, emocionais e sociais, caracterizando-se como um problema de saúde pública. Seu tratamento demanda ações e cuidados em todos os níveis da atenção à saúde, porém ainda são escassos os estudos que caracterizem as variáveis sociais e psicológicas presentes em crianças com diferentes graus de obesidade, estudos estes, que possam contribuir para o desenvolvimento de intervenções voltadas para este grave problema de saúde. Objetivos: Caracterizar, em relação a parâmetros sociodemográficos, clínicos e psicológicos, uma amostra clínica de crianças obesas, classificadas como obesas e super obesas, em tratamento para obesidade em um serviço de referência, de um hospital universitário do interior do estado de São Paulo; comparar os aspectos sociodemográficos, clínicos e psicológicos em relação ao sexo da criança e à gravidade da obesidade e ainda caracterizar e comparar o estilo parental, a percepção corporal e saúde mental materna ou de outros responsáveis pela criança e estudar a associação dessas características com indicadores da gravidade da obesidade da criança. Método: Foi realizado um estudo observacional, de corte transversal, descritivo e analítico, que avaliou 77 crianças com diagnóstico de obesidade e seus responsáveis. Essas crianças foram provenientes do Ambulatório de Obesidade Infantil do HCFMB/Unesp. Foram aplicados aos responsáveis pela criança um formulário que investigou características sociodemográficas e clínicas da criança, o SDQ (Questionário de Capacidades e Dificuldades - Strengths and Difficulties Questionnaire) que visou rastrear a saúde mental da criança (características emocionais e comportamentais), o IEP (Inventário de Estilos Parentais) para avaliar práticas educativas, o IDATE (Inventário de Ansiedade Traço-Estado) e o BDI (Inventário de Depressão de Beck) que medem, respectivamente, sintomas de ansiedade e de depressão do cuidador, e a Escala de Silhuetas, para avaliar a percepção corporal, a insatisfação corporal da crianças e de seus responsáveis em relação ao corpo da criança e ainda a percepção ideal das crianças e de seus responsáveis em relação às crianças da mesma idade do sujeito. Dados clínicos foram obtidos do prontuário médico das crianças (peso, altura, IMC, percentil, escore z, comorbidades e tempo de tratamento). A análise estatística foi efetuada pelo programa STATA 12.0, tendo sido efetuadas análises descritivas, frequências absolutas e porcentagens, médias e respectivos desvios-padrão, mediana e suas faixas de variação; na análise bivariada, utilizou-se o teste de qui-quadrado para as variáveis qualitativas e os testes de Mann- Whitney e Kruskal Wallis para as variáveis quantitativas e, por fim, foi realizada análise multivariada utilizando-se a regressão múltipla. Resultados: As crianças avaliadas apresentaram idade média de 9,1 (DP±1,9) e seus cuidadores idade média de 38,1 (DP±9,6). Os responsáveis eram predominantemente do sexo feminino (96,1%) e mães (88,3%). Segundo o SDQ, 53,2% das crianças apresentaram sintomas emocionais e comportamentais. Na avaliação de estilos parentais, 35,1% apresentaram práticas educativas classificadas como regular ou de risco. Com relação à ansiedade e sintomas depressivos dos responsáveis, constatou-se que 48,1% apresentaram sintomas de ansiedade-estado, e 41,6% ansiedade–traço, 39,0% apresentaram sintomas depressivos. A Escala de Silhuetas indicou que 44,2% possuíam percepção corporal adequada, 48,0% subestimaram o tamanho corporal e 7,8% superestimaram, 94,8% desejavam diminuir o tamanho da silhueta e 51,9% não reconheceram qual seria o tamanho corporal ideal de acordo com a faixa etária. Entre os cuidadores, 53,2% reconheceram adequadamente o tamanho corporal de seus filhos, 94,8% desejavam que seus filhos diminuíssem o tamanho da silhueta e 59,7% reconheceram o tamanho corporal ideal de acordo com a idade de seu filho. Comparando-se as características das crianças em relação ao sexo, constatou-se que meninos e meninas diferiram de forma estatisticamente significativa em relação à renda per capita familiar (p=0,002), percentil do IMC (p=0,01), escore z do IMC (p=0,006), gravidade da obesidade (p=0,02) e percepção do peso ideal da criança (p=0,02). Estudando-se a associação entre o escore z e as variáveis explanatórias deste estudo, constatou-se que foram significativas as associações do escore z, apenas com a faixa etária da criança (p=0,003), situação conjugal do cuidador (p=0,04), SDQ- sintomas emocionais (p=0,02), percepção corporal da criança (p=0,03) e percepção do peso ideal da criança de acordo com a sua faixa etária (p=0,03), embora as médias e medianas do escore z tenham sido quase sistematicamente mais elevadas nas categorias que indicavam risco. O modelo final da regressão múltipla mostrou associação livre de confusão com sexo (masculino), faixa etária (crianças mais novas), ocupação dos pais (trabalha) e situação conjugal do responsável (sem companheiro). Conclusões: O presente estudo indicou que as crianças participantes apresentaram várias características que podem ser consideradas características indicativas de vulnerabilidade social e psicológica: elevadas prevalências de problemas psicológicos, alteração na imagem corporal da criança e dos responsáveis; cuidadores com altas prevalências de dificuldades emocionais e com práticas parentais regulares ou de risco, independentemente da gravidade da obesidade. Esses dados são indicativos da importância de se analisar essas características e desenvolver intervenções que abordem também os aspectos sociais e psicológicos às crianças e seus familiares, visando a integralidade do cuidado no tratamento da criança com obesidade.