Experiências adversas e desenvolvimento de competências socioemocionais de adolescentes em contexto de vulnerabilidade social: análise por gênero e raça

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Pâmela Virgínia dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-26012024-145510/
Resumo: A exposição de jovens a experiências adversas (do inglês Adverse Childhood Experiences - ACEs), envolvendo maus tratos domésticos, violência comunitária e fatalidades como perdas por morte de pessoas significativas, constitui-se como fator de risco para prejuízos ao desenvolvimento psicossocial, com muitas evidências na literatura. Logo, as ACEs podem afetar também o desenvolvimento de competências socioemocionais e comprometer habilidades importantes para a convivência social plena destes jovens, como a empatia e o autocontrole. A presente pesquisa se propôs a investigar, as relações entre ACEs e competências socioemocionais em jovens vivendo em comunidades demarcadas por indicadores de vulnerabilidade social, focalizando no primeiro artigo, a influência do gênero feminino e masculino. No segundo artigo, além das experiências adversas e da vulnerabilidade social, dá-se enfoque à influência da raça/cor. Foram coletados dados junto a jovens com idades entre 14 e 18 anos incompletos, em escolas em territórios socialmente vulneráveis das cidades de Ribeirão Preto e Franca, no estado de São Paulo. A amostra intencional, formada por conveniência, foi de 1.329 adolescentes, estudantes de escolas públicas, sendo 712 oriundos de Ribeirão Preto e 617 de Franca, ambas cidades no interior do estado de São Paulo. A idade média dos participantes foi de 15,6 anos, com desvio padrão de 1,2. Quanto ao gênero, a distribuição mostra-se semelhante, com 48,8% composta por indivíduos do gênero masculino e 49,8% do gênero feminino. Uma pequena parcela, de 1,4%, declarou-se como não-binário. No que se refere à raça/cor/etnia, 54,5% se declararam negros - pardos 39,5% e pretos 15% - e 40,6% se declararam brancos (2,6% se declararam amarelos e 2,3%, indígenas). Os dados foram coletados com o auxílio de tablets, por meio de um aplicativo especialmente desenvolvido para o projeto, contendo versões digitalizadas dos instrumentos: Questionário sociodemográfico; Escala para el tamizaje de experiencias adversas en adolescentes (EEA); Questionário de Empatia de Toronto (em inglês, Toronto Empathy Questionnaire; TEQ); Escala de Autocontrole (em inglês, Self-control Scale; SCS). As escalas e questionários elaborados em outros contextos socioculturais foram devidamente adaptados em estudo piloto. Os resultados indicaram taxa de acúmulo de ACEs alta na amostra, em média 10 sobre 15 categorias investigadas. Na comparação entre os gêneros, verificou-se maior taxa de ACEs para o gênero feminino, sobretudo aquelas relativas à violência intrafamiliar e ao abuso sexual. No entanto, em categorias específicas, como vivência de acidentes graves e abordagem policial, a taxa foi mais alta no gênero masculino. No tocante às competências socioemocionais, a exposição às ACEs pareceu afetar negativamente mais o gênero feminino que o masculino (ainda que na amostra geral, o gênero feminino tenha obtido pontuações mais elevadas em empatia). Quanto à influência da raça, os adolescentes auto-declarados negros apresentaram diferenças significativas apenas na vitimização por violência comunitária, sendo mais afetados por esta categoria que os não-negros. O estudo insere-se no escopo de uma pesquisa maior, transcultural, de colaboração entre o GEPDIP-USP e o Grupo de Estudios y Investigación en Desarrollo Psicológico y Procesos de Adaptación Social do Departamento de Psicologia da Universidad de la Frontera (Chile), financiado pela FAPESP.