Vigilância das hepatites virais: a experiência de Vargem Grande Paulista, 1997 - 1999

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Saraceni, Claudia Patara
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-29082014-153830/
Resumo: Não se tem conhecimento preciso da relevância e magnitude das hepatites em nosso país. Os poucos estudos epidemiológicos estão restritos à populações atendidas em serviços de saúde ou a grupos de risco para as hepatites. A vigilância é um instrumento de saúde pública que tem a capacidade de descrever o comportamento das hepatites virais, bem como identificar seus fatores de risco. Um sistema de vigilância das hepatites A, B, C e E foi implantado em Vargem Grande Paulista em abril de 1997 e mantido até setembro de 1999. O objetivo foi analisar aspectos da operacionalização de um sistema de vigilância nas atuais condições de trabalho da Rede Pública de Saúde e sua potencialidade em descrever o comportamento das hepatites nessa comunidade para oferecer subsídios para elaboração e aprimoramento de estratégias de controle. O sistema incluiu a análise de dados obtidos a partir de notificação de casos suspeitos hepatite A, B, C e E entre residentes no município, assim como dados de soroprevalência de marcadores de infecção para esses mesmos vírus numa população formada pelas gestantes inscritas no Serviço Pré-natal do Município. Considerou-se caso suspeito o indivíduo residente no município de Vargem Grande Paulista e para quem, por critérios clínicos, laboratoriais ou epidemiológicos, foi solicitada a determinação dos níveis de bilirrubinas e transaminases. A confirmação dos casos foi realizada pela identificação dos marcadores sorológicos das hepatites A, B, C e E. Foram identificados 125 casos suspeitos, dos quais 41 (32,8 por cento ) foram confirmados como hepatite A, B, C ou E. A incidência de hepatite A foi 21,1/100.000 hab., 69,3/100.000 hab. e 9,3/100.000 hab. para os anos de 1997, 1998 e 1999, respectivamente. Foi detectado um surto de hepatite A em um dos bairros do município envolvendo 18 casos, no primeiro semestre de 1998. A forma predominante de transmissão do vírus durante o surto foi pessoa a pessoa e a faixa etária mais atingida foi de 5 a 9 anos. A incidência de hepatite B foi de 3,5/100.000 hab. e 9,9/100.000 hab. para os anos de 1997 e 1998 respectivamente. Não foi identificado nenhum caso em 1999. A prevalência de hepatite C foi 3,5/100.000 hab. em 1997 e 9,9/100.000 hab. em 1998. Não foi calculada a incidência de hepatite C, porque não foi possível determinar se a infecção pelo VHC era recente ou não com os testes utilizados. A incidência de hepatite E foi 3,5/100.000 hab., 3,3/100.000 hab. e 3,1/100.000 hab. para 1997, 1998 e 1999. Entre as 793 gestantes que participaram do estudo, a prevalência de anti-VHA foi de 94,7 por cento , de anti-HBc 4,9 por cento , de HBsAg 0,1 por cento , de anti-VHC 0,6 por cento , e anti-VHE 0,8 por cento . Os resultados indicaram que Vargem Grande Paulista apresentou alta endemicidade para hepatite A e baixa endemicidade para hepatite B. A prevalência de hepatite C foi semelhante à encontrada em outros estudos. A prevalência e incidência da hepatite E mostrou que o vírus circulou na região. Os dados demonstraram que o sistema de vigilância pode contribuir com informações importantes no comportamento das hepatites virais no município, oferecendo subsídios para a elaboração de estratégia de prevenção e controle dessas infecções.