Trama do porvir em Comenius: escola, infância e adulto moderno

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Shirley dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48135/tde-21112023-154020/
Resumo: Temos o objetivo de depositar a atenção em fragmentos de discursos que discorrem sobre as imagens atinentes ao tempo ainda por vir, promovendo enlaces entre a formação da chamada escolarização moderna e os cuidados com o futuro, tanto no âmbito individual como no coletivo. Selecionamos o teórico checo Jan Amos Comenius (1592-1670) como o autor a ser estudado devido à conhecida associação do pensador à constituição da didática, que, como método preciso e calculável, remexe o campo de saber reger o tempo no interior das escolas, acelerando a aprendizagem. São três as obras seiscentistas de Comenius escolhidas como material de investigação. São elas: O Labirinto do Mundo e o Paraíso do Coração, A Didática Magna (Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos) e Pampaedia (Educação Universal). A problemática que se consagra é a de versar sobre os dizeres comenianos e outros do início da chamada modernidade sobre os erros, atribuídos ao passado, que fazem entender as mazelas do presente. Nesse, a despeito do contexto de crise, deve valer a esperança de cura dos males, sendo atribuído aos jovens um caráter de destaque pela via da educação. A hipótese norteadora da investigação foi a de que há, em Comenius, um modo organizado de pensar sobre o enlace entre os mais novos, os mais velhos e o futuro; e, a partir disso, há um movimento em direção ao desenho de uma pauta metodológica, que procura interferir nas maneiras de reger o tempo. Do ponto de vista metodológico, nossos procedimentos foram, basicamente, o entrecruzamento entre a bibliografia utilizada e a nossa percepção sobre ela e as fontes inventariadas. Ou seja, a partir da leitura analítica da obra de Comenius, inserindo-a em seu contexto histórico, buscou-se confrontá-la com as obras já existentes sobre o tema. Nosso apoio teórico é a história cultural, concentrando nossa atenção, principalmente, em Roger Chartier. O autor apresenta um caminho de trato com as fontes que toma a representação e a apropriação como noções operatórias. Avulta-se, portanto, aproximação, nesse caso, com a nova história cultural, expressão usada a partir do final da década de 1980. Chegamos à conclusão de que a boa utilização do tempo escolar, ideal comeniano, esparrama-se para as outras circunstâncias da vida. Dessa forma, poder-se-ia assegurar um destino comum a todos a partir do estabelecimento e da consolidação da arte de bem administrar a história. Notamos que, para discorrer sobre escola e porvir, era necessário estudar a ideia de Paraíso, que, a partir da modernidade, passou por deslocamentos, os quais são constantes nos discursos comenianos. A graça salvacionista povoa o imaginário sobre os mais novos, que, passados pelos ritmos da escolarização, mais adiante, consagrar-se-ão como adultos ideais. Constitui-se um modelo de homem que se almeja formar no porvir. Sobre ele, pairam as características de ser professor até o fim da vida, assim como aprendiz. As relações escolares propagam-se para os cenários além das salas de aulas. Assim, será salvaguardado o futuro redentor ao nível privado e público.