Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Piraciaba, Maria Clara Teixeira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5148/tde-03102022-111045/
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Resumo: |
Introdução: As altas taxas de mortalidade cardiovascular são um desafio para nefrologistas na prática clínica, no cuidado de pacientes com doença renal crônica (DRC) em diálise, incluindo naqueles em diálise peritoneal (DP). Conhecer os fatores de risco associados e minimizá-los é de suma importância. Neste contexto, o papel da concentração de cálcio no dialisato [DCa] é subestimado. Pacientes em DP geralmente são expostos a uma alta [DCa], que está associada a efeitos indesejáveis e relacionados à calcificação do sistema cardiovascular, parte da complicação denominada distúrbios do metabolismo mineral e ósseo da doença renal crônica (DMO-DRC). Além disso, sabe-se que o cálcio é importante determinante na condução e contratilidade cardíacas. Poucos estudos foram conduzidos até o momento que tenham avaliado o impacto da redução da [DCa] nos marcadores do DMO-DRC e na função cardíaca, utilizando ecocardiograma, que é um método de fácil acesso e amplamente disponível. Tendo em vista que novos medicamentos para o tratamento do DMO-DRC foram incorporados na prática clínica e que a maior parte dos nossos pacientes se encontra em DP automática, modalidade com pouca representatividade em estudos anteriores, acreditamos que estes dados devam ser revisitados. Métodos: Estudo prospectivo, onde a [DCa] foi reduzida de 3,5 mEq/L para 2,5 mEq/L por um ano em pacientes prevalentes em DP. Parâmetros demográficos, clínicos e bioquímicos foram avaliados no início, 3, 6 e 12 meses de acompanhamento. O ecocardiograma foi realizado no momento da inclusão e após três meses da intervenção, por um único cardiologista com experiência no método. Função diastólica foi classificada em normal, relaxamento ventricular prejudicado e padrão restritivo, de acordo com diretrizes estabelecidas. Dois desfechos foram avaliados: 1. função diastólica em 3 meses e 2. marcadores e manejo do DMO-DRC em 1 ano. Resultados: Foram incluídos inicialmente 32 pacientes, com saída de 3 pacientes durante o seguimento. O desfecho função diastólica foi avaliado em 19 pacientes (55 ± 17 anos, 57,9% mulheres, 21,1% diabéticos, 84,2% em DP automática). A fração de ejeção do ventrículo esquerdo permaneceu estável em 3 meses (58,4 ± 7,7 vs. 56,5 ± 8,1, p=0,192). Houve melhora da função diastólica e pacientes classificados com função diastólica normal, relaxamento ventricular prejudicado e padrão restritivo passou de 21,1%, 52,6% e 26,3% para 31,6%, 47,4% e 21,1%, em 3 meses (p=0,001). O aumento da pressão de enchimento passou de 21,1% para 5,3% dos pacientes (p=0,051), também refletindo melhora da função diastólica. Na avaliação do desfecho DMO-DRC em 29 pacientes (56 ± 16 anos, 50% do sexo masculino, 25% diabéticos), tendo 20 completado 1 ano de seguimento, não observamos alteração significativa no cálcio, fosfato, fosfatase alcalina, fator de crescimento de fibroblasto-23, 25(OH)-vitamina D ou paratormônio ao longo do tempo. Ajustes de medicação necessários foram aumento da dose de calcitriol e de sevelamer. Em 1 ano, as alterações absolutas e percentuais no paratormônio foram 36(-58, 139) pg/ml e 20%(-28, 45), respectivamente. A proporção de pacientes com paratormônio > 300pg/ml não se alterou durante o seguimento (p=0,173). Conclusões: reduzir a [DCa] deve ser uma medida a ser considerada em pacientes em DP com impacto benéfico na função diastólica em curto prazo. Estudos adicionais são necessários para definir se uma [DCa] de 2,5 mEq/L é capaz de deter o desenvolvimento de insuficiência cardíaca e reduzir o risco cardiovascular nesta população. Além disso, nossos resultados mostraram que o uso de [DCa] de 2,5 mEq/L é seguro e não piorou os marcadores do DMO-DRC, embora um ajuste de medicação tenha sido necessário. Esse resultado pode estar relacionado a um novo ponto de ajuste da homeostase do cálcio miocárdico nesses pacientes |