O estabelecimento da atenção conjunta entre bebês e bebês e outras crianças, em ambientes de cuidado coletivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Miguel, Katia Paschoali
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-02102019-102153/
Resumo: A atenção conjunta é estudada há décadas, atribuindo-se a ela fundamental importância para o desenvolvimento afetivo, social e cognitivo do bebê; tem sido referida como comportamentos de olhar na direção das mãos e do olhar do outro, observar face, intenção e interesses do outro, mostrar e compartilhar interativamente objetos com outros. De forma dominante, tem sido estudada em situação de interação entre adultos e bebês, em que o adulto é quem inicia e orienta o processo de construção da atenção. Entretanto, não se encontra na literatura da área menção a processos de construção, estabelecimento e manutenção da atenção conjunta que ocorram entre bebês ou entre bebês e crianças. Diante dessa perspectiva, delineiam-se questões: poderia a atenção conjunta constituir-se em um processo que tem lugar entre bebês ou entre bebês e crianças, sem a presença de um parceiro adulto a orientá-lo diretamente? Dentro de suas características e potencialidades, seriam estes bebês possuidores de recursos interativos propiciadores da coconstrução da atenção conjunta? Neste sentido, a pesquisa investigou se ocorre a construção, o estabelecimento e a manutenção da atenção conjunta entre bebês e bebês e crianças, estes com idades entre 6 a 12 meses, em interação, em dois ambientes institucionais coletivos (Instituição de Acolhimento e Instituição de Educação Infantil). Para tanto, utilizou-se de Bancos de Imagens do Centro de Investigação sobre o Desenvolvimento Humano e Educação Infantil (CINDEDI), da FFCLRP-USP, na composição do corpus. Foram conduzidos quatro estudos de caso, em que dois bebês (os sujeitos focais) foram videogravados em suas relações, em cada um dos dois contextos de cuidado/educação. A Rede de Significações ofereceu o suporte teórico-metodológico. A partir da análise qualitativa, através da perspectiva microgenética, investigou-se se ocorre e, em caso afirmativo, como ocorre o processo de atenção conjunta entre bebês e entre bebês e crianças. Verificou-se a construção da atenção conjunta entre o sujeito focal e os parceiros de interação, nos dois contextos. Comportamentos como olhar para a face, os olhos e as mãos do outro, apontar e oferecer objetos, não foram essenciais para a configuração da atenção conjunta entre os sujeitos focais e os parceiros. Recursos corporais, gestos, olhar para o corpo do outro e olhar para o objeto foram privilegiados. A idade também não se mostrou como marco definidor, além de que os bebês foram capazes de estabelecer atenção conjunta em relações poliádicas. O objeto não se mostrou dotado da relevância que a literatura parece revesti-lo, funcionando mais como algo que proporciona a visibilização da interação entre os parceiros. Os limites da pesquisa apontam para o pequeno número de sujeitos focais e de contextos de educação e cuidados coletivos, sugerindo-se novos estudos com bebês com idades abaixo de nove meses, com diferentes características socioculturais e em variados contextos. Concluindo, entende-se que deva haver uma ampliação do conceito de atenção conjunta, de forma que se leve em conta aspectos intersubjetivos e socioculturais como constitutivos de tal habilidade. Sugerem-se novas pesquisas para exploração e confirmação dos achados