Questão agrária e etnoconhecimento camponês na comunidade Pau Rosa, assentamento Tarumã Mirim, Manaus-AM

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Souza, Soraya do Carmo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-09122013-102729/
Resumo: O objetivo deste trabalho é a análise do modo de vida camponês na comunidade Pau Rosa no projeto de assentamento Tarumã Mirim, Manaus-AM. Uma das características do etnoconhecimento camponês é o conhecimento da natureza. Neste sentido, são notórios os saberes ambientais adquiridos para a produção de remédios com base em plantas retiradas da mata, cultivadas e/ou domesticadas nos quintais. O vasto conhecimento sobre o ambiente é resultado das experiências acumuladas em virtude das trajetórias de vida diversificadas, pela transferência de conhecimentos de geração em geração e por constantes pesquisas necessárias para o tratamento de doenças. As informações sobre o etnoconhecimento foram colhidas em entrevistas aos camponeses nos sítios e nas feiras onde comercializam a produção, com registro fotográfico dos elementos constituintes dos sítios e das plantas medicinais. O recurso da história oral foi utilizado pelo fato de as entrevistas serem de extrema importância para o conhecimento da realidade local, tendo em vista, a transmissão dos saberes da cultura camponesa ser com base na oralidade. Para o entendimento do modo de vida dos camponeses residentes na comunidade Pau Rosa foi preciso resgatar o contexto maior da qual fazem parte. Dessa forma, é preciso ressaltar as transformações da questão agrária amazônica, principalmente no pós década de 1960, período no qual ocorreu o incentivo à entrada de capital estrangeiro pelo Estado brasileiro, como estratégia para a ocupação da região. Para tanto, houve a necessidade de atrair mão de obra para os chamados grandes projetos, constituindo assim o cenário favorável para o estímulo à migração. Com efeito, os migrantes são resultado da concentração fundiária no Brasil o qual fez emergir uma classe camponesa expropriada e em busca da terra de trabalho. O Estado, ao incentivar o campesinato sem terra a vir para a região diminuir-se-ia a pressão sobre a terra no país, no entanto, as comunidades locais foram menosprezadas, instaurando-se o conflito, resultado da ideia equivocada de vazio demográfico. A migração é, portanto, essencial para a compreensão da realidade local, na qual o camponês torna-se posseiro e passa a lutar pela terra negando a propriedade capitalista. O território camponês foi forjado no projeto de assentamento para reforma agrária a partir do etnoconhecimento. Dessa forma, os camponeses mantêm o etnoconhecimento dos seus modos de vida do ambiente de origem, as interações culturais possibilitaram um manejo da biodiversidade também pelos não amazônidas, assim, a identificação de espécies para fins medicinais e os remédios feitos a partir destas, retratam os saberes ambientais típicos das sociedades camponesas.