Entre o Uwa\'kürü e o Acre: fragmentos da formação territorial e urbana entre vazios e inexistências

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Carvalho, Marcio Rodrigo Côelho de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-18032021-103428/
Resumo: A atual porção amazônica sul ocidental brasileira apresenta uma real carência de estudos sistemáticos para a compreensão das ocorrências no repertório da produção do espaço construído tanto na escala urbana e regional do país, quanto na dimensão amazônica transfronteiriça e continental. A isso estejam, possivelmente, associados os discursos da inexistência político-institucional efetiva e a inalcançável geografia física dedicados, por parte dos ádvenas e, posteriormente, pelos Estados Nações, ao atual Acre. Soma-se a essas assertivas a configuração de vazios demográficos, por conseguinte, cartográficos, e historiográficos que, conjuntamente, delinearam a inocorrência do Acre até o último quartel do século XIX. A despeito das narrativas naturalizadas acerca da invisibilidade dessa porção brasileira, buscam-se alternativas de interpretação para o objeto da tese a fim de considerar a presença dos povos originários com a ocupação pré-colonial e de seus artefatos que explicitam a massiva presença humana de organização social complexa. Os discursos dos vazios e de inexistências também foram analisados a partir da ocupação e posse das Coroas Portuguesa e Espanhola, assim como a partir das investidas (e falta delas) dos países emancipados: Brasil, Peru e Bolívia, que acirraram um litigioso processo econômico da borracha em fins dos Oitocentos para a definição diplomática da tríplice fronteira, solucionada já no início do século XX. Assim, alguns aspectos antropológicos, arqueológicos, geológicos, geográficos, pré-coloniais, socioeconômicos, culturais, políticos e históricos foram abordados na busca de um entendimento interdisciplinar e abrangente do caso em apreço. O objetivo é compreender, através dos fragmentos documentais e de demais informações, a constituição territorial e urbana do Acre diante dos predominantes e naturalizados discursos e imagens construídos a partir do vazio e da inexistência. Com o estado de conhecimento sobre o tema, várias fontes primárias e secundárias foram buscadas, sejam as nacionais no Pará, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Acre, sejam no exterior no Peru, na Bolívia, na Espanha e em Portugal. O intuito dessa vastidão de pesquisa de campos esteve ancorado na constatação da produção historiográfica no Brasil restrita ao uso interpretativo das fontes nacionais, especialmente as da antiga capital, o Rio de Janeiro. Outras vozes e perspectivas foram encontradas para produzir uma síntese que revise as ideias de vazio e inexistências e possibilite outras construções interpretativas, ainda que as informações e as ideias se apresentem escassas e fragmentadas. Da macro escala territorial transfronteiriça, a tese finaliza seus escritos na escala urbana, com uma análise da constituição da rede de cidades, já brasileiras, para a configuração geopolítica do Acre como um Território Federal.