Efeito de probióticos do gênero Bifidobacterium sobre a modulação da resposta imune e nível de perda óssea alveolar promovida por periodontite induzida em camundongos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Shimabukuro, Natali
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23146/tde-30082021-132537/
Resumo: A doença periodontal é uma doença inflamatória em resposta a microbiota disbiótica, que leva a destruição dos tecidos de suporte do dente. Estudos prévios in vitro mostraram o potencial de probióticos do gênero Bifidobacterium em afetar a colonização oral por P. gingivalis e modular a resposta ao patógeno periodontal. O presente estudo visou determinar a capacidade de duas cepas probióticas do gênero Bifidobacterium de controlar a destruição dos tecidos periodontais e modular a resposta imune em ensaio in vivo. As cepas B. breve 1101A e B. bifidum 1622A foram testadas em modelo animal de periodontite experimental induzida pela infecção oral por um consórcio microbiano (Porphyromonas gingivalis W83, capsulada/afimbriada e ATCC 33277, não capsulada/fimbriada, Prevotella intermedia 17, Fusobacterium nucleatum ATCC 25586 e Streptococcus gordonii DL1) em camundongos C57BL/6. Para a indução de periodontite (P+), os animais foram inoculados via oral, com 1X1011UFC de cada espécie bacteriana por 25 vezes durante 5 semanas. Os probióticos (B+1101 ou B+1622) (1X109UFC /animal) foram ministrados via oral, diariamente durante todo o período experimental. Grupos controle (P- e B-) foram avaliados. Após 45 dias, foram realizadas a eutanásia e a coleta das amostras. Foram analisados perda óssea alveolar por microCT, níveis de P. gingivalis por qPCR, expressão de genes associados a inflamação por RT-qPCR, perfil de citocinas séricas por ELISA, e fenótipo de células T por citometria de fluxo. Não houve diferenças no ganho de peso ao longo do experimento entre os grupos (ANOVA, comparação Múltipla de Tukey, p <0,05), com exceção do grupo P+B+ (1101), que apresentou menor ganho de peso que o SHAM. Os probióticos não foram capazes de induzir perda óssea alveolar , pois o volume ósseo dos grupos P-B+(1101) e P-B+ (1622) foi semelhante ao controle (SHAM). O protocolo empregado permitiu a indução de periodontite experimental, evidenciada pela perda óssea alveolar no grupo P+B-. O grupo P+B+(1101) apresentou volume ósseo alveolar semelhante a P+B-, enquanto P+B+ (1622) apresentou volume ósseo semelhante ao controle (SHAM). Por outro lado, P. gingivalis não foi detectada em amostras de biofilme oral, fezes e baço em nenhum dos grupos avaliados. No entanto, P. gingivalis foi detectada no grupo P+B+(1101) no fígado, sugerindo que B. breve 1101A favoreceu a colonização por P. gingivalis. A inoculação do consórcio microbiano (grupo P+B-) ou de B. bifidum 1622A [P-B+ (1622) e P+B+(1622)] não foi capaz de induzir a expressão de il-1? e tnf-? no tecido gengival. Porém, a transcrição de il-1? e tnf-? foi regulada positivamente no tecido gengival dos grupos que receberam a cepa B. breve 1101A, embora esta regulação tenha sido atenuada pelo consórcio microbiano [grupo P+B+(1101)]. O consórcio microbiano (grupo P+B-) não foi capaz de regular positivamente a expressão tlr2, tlr4, nlrp3. Porém foi observada regulação positiva da transcrição destes genes no grupo P-B+ (1101), atenuada pelo consórcio microbiano [grupo P+B+ (1101)]. Foi também demonstrada regulação positiva da transcrição de tlr4 em amostras do grupo P+B+ (1622). A análise do fenótipo de células T no tecido gengival revelou que o consórcio microbiano (grupo P+B-) não alterou a proporção de Treg ou de Th17 em relação ao SHAM. Por outro lado, foi observado aumento na porcentagem de células Th17 nos grupos P-B+ (1101) e P+B+ (1101), em relação ao SHAM e ao grupo P+B-. Não houve diferença na porcentagem dos fenótipos Treg e TH17 em amostras do baço dos grupos P+B- e SHAM. Porém, amostras de baço dos grupos probióticos [P-B+ (1101), P+B+ (1101), P-B+ (1622) e P+B+ (1622)] apresentaram redução na população Treg e aumento na de Th17 em relação ao grupo P+B- e/ou SHAM. Não houve diferenças na porcentagem de Treg e Th17 nos linfonodos entre os grupos estudados. O consórcio microbiano não induziu alteração nos níveis séricos de IL-10 e TNF-? [P+B- ~ SHAM]. Porém os níveis de séricos de IL-10 foram menores nos grupos P+B+ (1101), P-B+ (1622) e P+B+ (1622) do que no SHAM. Os dados sugerem que ambos probióticos testados alteram a resposta imune em camundongos C57B/6 induzida por patógenos periodontais de origem humana ou pela microbiota residente. No entanto, a regulação da resposta é distinta entre as cepas, e B. bifidum 1622A, mas não B. breve 1101A, apresenta potencial de atenuar a perda óssea alveolar induzida por patógenos periodontais.