Cuidado às mulheres em centro de atenção psicossocial álcool e drogas: evidências científicas e influências das conjugalidades

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Pinto, Ana Luzia Lemes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-26032024-081652/
Resumo: As políticas de saúde para as mulheres foram implementadas a partir da década de 80 visando à reformulação assistencial para além dos aspectos biológicos e maternos. Apesar dos avanços, ainda se encontram dificuldades na abordagem do cuidado integral, nos diferentes níveis e serviços às usuárias da saúde mental consumidoras de drogas. Apesar dessa lacuna, as usuárias de substâncias psicoativas têm sinalizado ascensão numérica ao longo dos anos, visto que a literatura científica apontou para fatores de início e manutenção do consumo diferentes quando comparados aos homens, com importante ressalva para os contextos e as vulnerabilidades psicossociais nas quais estão inseridas. Dentre os determinantes sociais, destacam-se as relações de gênero que impõem sobre as mulheres um conjunto de simbolismos, desigualdades e estigmas na vida social. As relações opressoras de gênero vividas pelas usuárias, enlaçadas às influências das relações interpessoais (familiares e/ou amorosas e conjugais) são aspectos contribuintes para o consumo problemático de drogas. Frente a esse contexto, encontra-se o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-ad), serviço público e comunitário, que se dispõe a ofertar um tratamento psicossocial sensível às questões de gênero. A produção científica nacional na interface entre mulheres e CAPS-ad está em desenvolvimento, com pouca sistematização e ordenamento sobre as evidências científicas já produzidas e com possíveis lacunas sobre vivências desse público. Assim, faltam orientações claras para o cuidado com essas mulheres, aspecto que pode ser construído através do mapeamento das evidências científicas existentes; assim como se ausentam compreensões sobre as relações afetivoamorosas e os impactos na vida e no tratamento. Com isso, justifica-se a relevância e a escrita de dois artigos científicos, quais sejam: (1) revisão integrativa da literatura sobre mulheres em CAPS-ad; e (2) pesquisa de abordagem qualitativa sobre os relacionamentos conjugais deste público enquanto desdobramento de uma lacuna do primeiro estudo. O objetivo é compreender algumas demandas e necessidades que se apresentaram para mulheres em tratamento no CAPSad, de maneira a contribuir para pesquisas e intervenções mais eficientes quanto às relações de gênero. Os resultados apontaram uma produção científica que se concentrou nas temáticas: perfil das usuárias, relacionamentos, maternidade, uso de drogas e saúde mental, e o acesso ao tratamento. A partir desses temas, foram construídas orientações assistenciais para os CAPSad na lida com mulheres. Já os resultados acerca dos relacionamentos afetivo-amorosos apontaram para construções engendradas e idealizadas sobre o papel de esposa, no qual as participantes viram as relações como esperança frente aos desamparos vividos. As dinâmicas relacionais modularam a quantidade de drogas consumidas e direcionaram intervenções para os serviços públicos da saúde e assistência social. Tanto as evidências científicas quanto as construções das participantes sobre as conjugalidades mostraram que as vivências das mulheres usuárias de drogas estão permeadas por construções e expectativas de gênero, por vezes vividas enquanto empecilhos para a reabilitação psicossocial e/ou redução do uso das drogas. Faz-se necessário que as práticas do CAPS-ad sejam aprimoradas e voltadas para essas problemáticas.