Gramática e coping: investigação das regras gramaticais do discurso de devotos católicos em relação com as formas de enfrentamento de stress

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Duarte, Mauro Fernando
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-18072017-161431/
Resumo: O stress é um articulador fundamental para a compreensão da ação do homem no mundo, em sua integralidade e subjetividade, mas também em seus aspectos sociais de adaptação. Da mesma forma, a linguagem, condição de estruturação do fenômeno humano, apresenta-se como condição imprescindível para se conhecer o fato humano em sua totalidade, na comunicação e na simbolização do mundo, nas medidas explicativas e representativas da realidade. A interação do sujeito com o mundo dá-se fundamentada e dependente das formas como as significações são marcadas na estrutura do psiquismo de cada um, na forma de símbolos, marcas ou, do ponto de vista desta tese, de regras de atuação. Tais regras, de acordo com a perspectiva analítica da filosofia de Wittgenstein, estruturam uma visão de mundo, uma Weltanschauung que ordena a lógica da articulação do pensamento com a realidade, as condições de verdade das proposições e, nossa hipótese, as escolhas de mecanismos de enfrentamento das situações de stress. O objetivo desta tese centra-se em investigar e correlacionar as estruturas gramaticais de organização da linguagem, ou regras gramaticais, em relação à descrição da ideia de Eu e do mundo, bem como correlacioná-las com as regras que orientam as escolhas e as saídas de enfrentamento, os mecanismos de coping. Para tanto, analisou-se a narrativa de 10 sujeitos envolvidos em uma rede representacional afim, a Igreja Católica, sobre como se descrevem, como creem que os outros os vejam, suas visões sobre o mundo e a sua atuação nele, bem como a descrição de situações de stress e enfrentamento, tanto de forma negativa, o distress, quanto em seu aspecto positivo, o eustress. A pesquisa empírica desenvolveu-se por meio de uma metodologia de análise gramatical de análise de discurso, a fim de extrair dos pronunciamentos mais significativos suas regras constitutivas, abrindo mão dos aspectos qualitativos ou quantitativos, e centrando-se na estrutura das regras subtextuais presentes nos enunciados. Após a transcrição das entrevistas, a análise permitiu selecionar passagens enfáticas na descrição dos conteúdos, articulá-las com seus advérbios, adjetivos e tempos referenciais mais correspondentes e, depois, extrair-lhes as regras fundamentais de construção da narrativa, ou seja, o jogo de linguagem eficaz no qual se inserem as assertivas verdadeiras em relação à avaliação e ao enfrentamento de stress. A amostra demonstrou uma homogeneidade entre os discursos, aproximando os resultados entre homens e mulheres, e observando uma construção positiva de mundo, imperativa das ações como algo necessário, que deve ser feito, e com significado sobrenatural, bem como uma visão positiva também do acesso e da eficácia dos mecanismos de coping utilizados. Em relação à visão do Eu, a maioria tem uma posição em primeira pessoa, referencial e adequada aos atos da vida, do trabalho e dos sentimentos, de forma descritiva, como eu sou... eu faço..., e em certos aspectos reflexiva como eu me sinto... eu me considero.... Quanto à visão de mundo, pode-se experimentar uma posição constante de otimismo, vendo o mundo de forma boa e com significado sobrenatural, como ... uma missão perante Deus.... Em relação ao stress, foi relevante perceber que a falta de controle ou de sentido dos fatos leva ao sofrimento, enquanto o sentido e a sensação de fazer o que se deve aparecem ligados à felicidade. Uma condição bastante comum, a visão de que há algo de imperativo nas ações, algo necessário e que deve ser feito, sobretudo por ter uma função sobrenatural no desejo divino, marcou as narrativas dos entrevistados