Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Carvalho, Cíntia |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-30072019-185913/
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Resumo: |
Os conhecimentos produzidos acerca das interações de bebês em contextos coletivos têm priorizado suas interações com os adultos. Em contextos de acolhimento institucional de crianças em situação de vulnerabilidade, isso se repete, o estudo de bebês nesse contexto estando imerso em invisibilidade. Entendendo que o ser humano é relação, tal característica estando presente mesmo no bebê, hipótese do trabalho é de que suas interações ali poderiam ser mais efetivadas com outras crianças acolhidas já que, nesse contexto, funcionárias são orientadas a não se apegar aos bebês e/ou dispensam pouca presença pela sobrecarga de trabalho. Assim, o objetivo foi investigar as ocorrências de práticas de cuidado na interação de crianças e bebês em situação de acolhimento institucional. A pesquisa teve fundamentação na perspectiva da Rede de Significações, de referencial histórico-cultural. O estudo foi realizado em instituição de acolhimento do interior do Mato Grosso do Sul, de onde se selecionou dois bebês focais Caio e Ana (de sete e dez meses) -, sem parentesco entre eles. Além deles, foram participantes as crianças também acolhidas naquele período e a própria pesquisadora. Foram realizadas 47 videogravações, de trinta minutos cada, por seis meses, sendo três meses com cada bebê focal. Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas com funcionários da instituição e, ainda, construiu-se diário de campo. A noção de cuidado foi baseada nos conceitos de Heidegger - Cuidado por Ocupação (baseado em tarefas) e Cuidado por Preocupação (baseado no Ser Com). O cuidado por preocupação teve tonalidades diversas: Atenção, como ir em direção ao bebê, quando o percebia sozinho; Solicitude, como ir em direção ao bebê, em decorrência de expressividades diversas; e, Preocupação/tensão, ir em direção ao bebê, para protegê-lo/ socorrê-lo em situações de perigo. À análise, verificou-se muitas interações das crianças, a maioria concentrada em brincadeiras. Com relação às práticas de cuidado, verificou-se grande ocorrência nas interações das crianças com os bebês e mesmo na interação de bebês, envolvendo as três tonalidades acima. Os cuidados eram, em grande parte, de interações recíprocas, diádicas e comumente viabilizadas por crianças mais velhas (multietárias). Os parceiros que ofertaram cuidados diferenciados eram os mais afetivos e buscados pelos bebês. Embora os cuidados fossem mais ofertados por meninas, este estudo demonstrou que meninos também cuidaram dos bebês. No caso de Ana, as interações não envolviam crianças com grau de parentesco, diferentemente do caso de Caio, que foi bastante cuidado pela irmã. Discute-se a importância do estabelecimento de relações naquele contexto, particularmente nos grupos de irmãos, de forma que possam preservar identidade familiar e manutenção dos vínculos afetivos. As interações permeadas por trocas afetivas foram vistas, como tendo indícios de empatia pelas crianças, mesmo as bem novas, sendo uma questão conceitual a ser explorada em futuros estudos. Pontua-se que tais interações e práticas de cuidados não devem substituir os cuidados dos adultos. A mediação pelo adulto é fundamental e deve ser implementada, inclusive considerando a questão da organização das crianças e sua localização dentro do ambiente de acolhimento |