Desejo e cuidado na educação de crianças pequenas em creches

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Payés, Ana Carolina Linardi Munguía
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-15022018-110214/
Resumo: A entrada dos bebês nas creches a partir de poucos meses de idade e a convivência em ambientes coletivos por até 12 horas diárias constituem um cenário atual que faz interrogar a educação infantil sobre o compromisso que assume, com as famílias e a sociedade, ao participar de forma tão enfática desse período inaugural na vida das crianças. Para a psicanálise, o bebê humano não nasce pronto e somente se constitui a partir de um outro que lhe dedique cuidados no interior de um laço particularizado. Na primeiríssima infância serão lançadas as bases para a saúde mental e a constituição subjetiva ulterior, o que, em grande parte, depende das relações estabelecidas nesse período. A educadora, ao cuidar do bebê, participa como mais um elemento na constituição psíquica da criança, sustentando-lhe o campo do Outro e trabalhando para manter em funcionamento alguns eixos da função materna. No entanto, apesar dessa importância, hoje o termo \"cuidado\" enseja um ponto de discórdia na Educação Infantil, sobre o qual tensionam perspectivas distintas que, muitas vezes, se atualizam na experiência educativa através da dissociação do cuidado no ato educativo. Este estudo busca isolar a problemática que vem se formando no campo da pedagogia e analisá-la à luz das ferramentas conceituais da psicanálise freudo-lacaniana, pretendendo, assim, redimensionar o termo \"cuidado\", ao apontar para aquilo que de não anônimo deve comparecer no laço entre educadora e bebê e que está em causa na constituição psíquica do infans. Para saber como as educadoras se implicam em meio às tensões discursivas da instituição, procurou-se escutar cinco educadoras de duas creches sobre o lugar do desejo em causa nos cuidados que dedicavam aos bebês, utilizando os IRDI como operadores de leitura acerca de como se endereçavam às crianças sob seus cuidados. Os resultados indicaram que nenhuma educadora dissocia o cuidado da educação dos bebês, no entanto, estão sujeitas a tensões discursivas que as colocam em posição de ter que responder a dois diferentes amos: o discurso institucional e o desejo. Concluiu-se que o cuidado dedicado a bebês não pode ser reduzido a uma dimensão técnica, asséptica ou assubjetiva, pois é preciso que algo de singular ou de não anônimo compareça no cuidado para que a educadora cumpra função educativa junto ao bebê.