Efeito da maturidade sobre a produção e o valor nutritivo dos capins braquiária (Brachiaria decumbens, Stapf), estrela [Cynodon plectostachyus, (K. Schum) Pilger] e Rhodes (Chloris gayana, Kunth cultivar Callide).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1976
Autor(a) principal: Rolim, Francisco de Assis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11139/tde-20240301-153209/
Resumo: O presente trabalho teve por objetivo estudar o efeito da maturidade sobre a produção de matéria seca e valor nutritivo dos capins braquiária (Brachiaria decumbens, Stapf), estrela [Cynodon plectostachyus, (K. Schum) Pilger] e Rhodes (Chloris gayana, Kunth cultivar Callide), visando uma possível utilização adequada dessas gramíneas através do sistema de uso diferido. O experimento de campo foi conduzido, junto ao Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” no período de 25/11/1974 a 19/06/1975, em solo mapeado como terra roxa estruturada e classificado como série “Luiz de Queiroz”. O plantio foi realizado manualmente, em parcela de 74 m2 sendo que somente para o capim de Rhodes foi realizado por meio de sementes. O delineamento experimental adotado foi o de esquema fatorial em blocos ao acaso. Objetivando uniformizar o “stand” e estabelecer o tempo zero para avaliação da maturidade, realizou-se no dia 5 de março de 1975 o corte de igualação, a partir do qual as gramíneas foram ceifadas com 45, 90 e 135 dias de crescimento vegetativo. A produção de matéria seca foi estimada através da coleta e pesagem do material produzido em 4 m2 no centro de cada parcela. O material depois de fenado a campo, era colocado em sacos de estopa etiquetados e armazenados, para posteriores análises de laboratório e uso no ensaio de digestibilidade. Observou-se que o capim braquiária exigiu cerca de um dia a mais para atingir o ponto de feno. O ensaio de digestibilidade realizado com coelhas adultas, foi conduzido no Laboratório de Bromatologia do Departamento de Zootecnia, através de coleta total de fezes, em delineamento experimental de esquema fatorial em blocos ao acaso. Os seguintes parâmetros foram avaliados: consumo de matéria seca; coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína, celulose e avaliação dos nutrientes digestíveis totais (N.D.T.). Os seguintes resultados e conclusões foram obtidos: 1) As produções de matéria seca dos três capins foram baixas, variando de 752 a 3.362 kg/M.S/ha, sugerindo que o início do repouso talvez devesse ser antecipado. 2) Aos 45 dias as produções das três gramíneas foram semelhantes, havendo aos 90 dias superioridade dos capins estrela e de Rhodes e aos 135 dias somente o estrela revelou superioridade em relação a braquiária. 3) Considerando somente o aspecto de produção, a utilização dos capins estrela e de Rhodes deve ser feita após descanso de aproximadamente 100 dias, já que depois desse ponto as produções tenderam a diminuir. Para a braquiária o período de repouso poderia se estender aos 135 dias uma vez que o crescimento foi linear. 4) Os consumos de matéria seca em gramas por unidade de peso metabólico foram baixos para todas gramíneas, variando de 16,25 a 42,25 g M.S./kg W0,75. Aos 45 dias os consumos de feno de capim estrela foram superiores aos demais, mas aos 90 dias os índices de consumo de braquiária e de estrela foram iguais e superiores aos do capim de Rhodes, e que aos 135 dias o consumo do estrela foi superior ao do Rhodes. 5) A maturidade não afetou os consumos de braquiária, ao passo que os consumos de estrela e capim de Rhodes sofreram reduções de 45 para 90 dias de crescimento vegetativo. 6) Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca foram baixos, variando de 18,57 a 46,69% e praticamente iguais aos coeficientes determinados para a matéria orgânica. A braquiária mostrou coeficientes de digestibilidade de matéria seca superiores aos obtidos para os capins estrela e de Rhodes. Os capins estrela e de Rhodes se comportaram de maneira semelhante com o avançar da maturidade. 7) A digestibilidade da celulose foi baixa para todos os capins, variando de 11,34 a 33,46%. Os capins estrela e de Rhodes não apresentaram diferenças nos coeficientes de digestibilidade da celulose nos três estádios de maturidade estudados, sendo sempre inferiores aos determinados para a braquiária. A braquiária, que aos 45 dias apresentou o coeficiente mais elevado (33,46%) sofreu aos 90 dias uma redução, fato esse que associado às outras observações sugere que a braquiária é uma gramínea que apresenta senescência mais tardia. 8) No primeiro estádio de maturidade (45 dias) os coeficientes de digestibilidade aparente da proteína bruta foram elevados para todas as espécies forrageiras variando de 62,53 a 67,18%. Do primeiro para o segundo estádio (90 dias) ocorreram reduções elevadas e significativas, havendo após este ponto estabilização. Aos 45 dias os coeficientes das três gramíneas foram semelhantes, aos 90 dias os coeficientes determinados para o estrela foram superiores, mas aos 135 dias o capim de Rhodes apresentou coeficientes significativamente menores que a braquiária. 9) Para o caso dos capins estrela e de Rhodes, a redução no teor protéico com o avançar da maturidade, associada com a queda na digestibilidade da proteína e a tendência na redução do consumo, limitaria a utilização das plantas após 45 dias de crescimento. Para a braquiária o pastejo ou corte poderia ser feito posteriormente, apesar de se obter reduções no teor protéico. 10) Os teores de nutrientes digestíveis totais foram baixos para todas as gramíneas variando de 18,65 a 43,03%, sendo que apenas a braquiária aos 45 dias revelou teores de N.D.T. mais elevados (43,03%). 11) A perda de valor nutritivo com maturidade, a redução no consumo de matéria seca e os baixos teores de N.D.T. estimados, foram responsáveis por consumos de N.D.T. e proteína digestível abaixo das exigências nutricionais das coelhas. 12) Os resultados obtidos sugerem que o coelho não é um bom animal piloto para testar gramíneas tropicais, talvez devido a sua baixa capacidade de digerir os componentes da parede celular. Por esse motivo, torna-se dificil tirar conclusões sobre a utilização dos capins estudados em sistemas de uso diferido.