Consequencias sociais da utilizacao de defensivos agricolas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1980
Autor(a) principal: Naschenveng, Rogerio Armando
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11145/tde-20240301-152604/
Resumo: A preocupação fundamental do presente trabalho foi o estudo das consequências sociais - mortalidade e morbidade - oriundas da utilização de defensivos agrícolas no Município de Ribeirão Preto, SP. Fundamenta-se na contradição gerada pela utilização do conhecimento técnico-científico na sociedade capitalista onde a ciência pode ser orientada para atender determinados interesses em detrimento de outros. Assim, a ciência e a tecnologia são utilizadas para o domínio e destruição da natureza, ainda que em “benefício” do homem. Consequentemente, a ciência torna-se um investimento capitalista, e como tal, sua tecnologia e seus produtos devem gerar lucros. Este é o outro aspecto do tema - desenvolvimento técnico-científico - que a maioria dos estudos demográficos e sociais omitem ou raramente enfatizam quando abordam as contribuições do desenvolvimento científico na redução dos índices de mortalidade. Analisou-se as consequências da utilização de um grupo de produtos - os defensivos agrícolas - gerados pelo desenvolvimento técnico-científico sobre a população. Para isto procedeu-se ao levantamento dos registros de óbitos e internações hospitalares ocorridos em Ribeirão Preto, que fossem consequência direta de intoxicações por defensivos, e à realização de entrevistas com trabalhadores rurais (volantes) ocupados, em parte, para trabalhos fitossanitários na agricultura da região. Os resultados obtidos mostram que os índices de mortalidade por defensivos agrícolas aumentaram nos últimos anos do período estudado, sendo expressivo o número de vitimados por intoxicação que morrem sem receber assistência médico-hospitalar. A maioria das vítimas é constituída por adultos-jovens do sexo masculino, não sendo, todavia, desprezível a quantidade de mulheres e menores vitimados. Pode-se dizer que é o proletariado rural a classe social mais atingida pelas intoxicações com os defensivos. Conclui-se porém, que a mortalidade por pesticidas, que se mostrou crescente nos últimos anos, deve ter suas causas buscadas na própria política econômica do país. Portanto, as causas comumente atribuídas como responsáveis pelo aumento dos acidentes com defensivos são de importância secundária ou meros reflexos desta política econômica, que exime-se em criar uma legislação sobre produção, comercialização e uso de defensivos mais condizentes com a seriedade que o problema exige. Merece também referência a contribuição que se obtém através de um estudo desta natureza. no que diz respeito ao alto grau de subestimação com que se deve considerar os índices registrados. Isto se deve às folhas dos atestados de óbitos decorrentes não só dos problemas rotineiros a que estão sujeitos, mas principalmente da complexidade do diagnóstico das intoxicações e pela facilidade da omissão consciente e deliberada no caso de intoxicações com defensivos.