O brincar mediado e midiatizado: uma proposta antropossemiótica sobre os rituais de consumo dos influenciadores mirins e suas articulações de sentidos na constituição de um modelo de negócio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Andrade, Marcelo de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27164/tde-03072024-152550/
Resumo: Nesta pesquisa, partimos do pressuposto de que a noção de infância não é homogênea e fixa, determinada única e exclusivamente por aspectos biológicos e/ou cronológicos. Pelo contrário, as infâncias são diversas e cambiantes e, por isso, estão em constante processo de negociação de sentidos e valores, havendo, portanto, inúmeros aspectos na vida cotidiana que interferem na constituição das infâncias etnias, região em que vive, aspectos sociais, culturais, econômico etc. Neste bojo de facetas que revelam a pluralidade das infâncias, há também aspectos comunicacionais que atravessam a constituição dessa categoria social. Nesse sentido, a presente pesquisa busca compreender as instâncias mediadoras e os vínculos de sentidos revelados nos rituais de brincar dos influenciadores mirins, de modo a identificar a propagação de ideários midiatizados de infância cuja constituição se dá alicerçada pela cultura do consumo. Considerando que a brincadeira é um dos principais recursos de sociabilidade das crianças, e que por meio do ato de brincar ela negocia, cria, ressignifica, propaga realidades e visões de mundo, nossa proposta é pensar na brincadeira protagonizada pelos influenciadores mirins como um ritual de consumo midiatizado que, a partir da sua dimensão comunicacional, atua como dispositivo midiático com propósitos hegemônicos capaz de produzir sentidos, transferir significados, bem como orientar modulações identitárias e subjetivas daqueles que brincam. Para isso, nos debruçamos sobre os processos de produção e as práticas de usos e consumos dos irmãos Maria Clara & JP, no intuito de compreender em que medida o rito de brincar diante da câmera mediado por aspectos publicitários, mercadológicos, tecnológicos e simbólicos institui modos midiatizados e hegemônicos de ser criança cuja constituição se dá a partir de um modelo de negócio alicerçado pela cultura material. Busca-se, portanto, entender de que maneira o rito de brincar atua como dispositivo midiático na produção vínculos de sentidos entre marca (Maria Clara & JP) e consumidores (crianças), bem como orienta e modula percepções hegemônicas de infância. Desse modo, podemos concluir que os influenciadores mirins são crianças que se submetem às lógicas comerciais e tecnológicas, de modo a moldar suas performances frente a um ambiente cuja presença mercadológica é fundante. As crianças que brincam diante da câmera e midiatizam seus ritos de brincar se revelam um veículo poderoso diante dos interesses mercadológicos que vislumbram na infância um segmento potente e em crescente relevo.