Carlos Drummond de Andrade - poeta sobrevivente: os desdobramentos da subjetividade lírica na poesia drummondiana da década de 1960

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ghazzaoui, Fátima
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-23022023-123549/
Resumo: O presente estudo trata da poesia social (tida como demissionária) de Carlos Drummond de Andrade da década de 1960 e dos desdobramentos da subjetividade lírica diante do cenário de recrudescimento das tensões internas no Brasil que prenunciaram o golpe militar de 1964, assim como as tensões provocadas pela Guerra Fria e pela Era Atômica. Dos livros do período, Lição de coisas é o que traz maiores elementos de análise para compreender os movimentos pelos quais a subjetividade lírica drummondiano passa. Em linhas gerais, o livro trata do modo como as coisas que são fruto da criação humana, as coisas do mundo que se realizaram enquanto forma por meio da nomeação humana, ganham autonomia e passam a reger aqueles que a criaram. Ou, como as coisas vivem independentes dos seus criadores e podem, dependendo das circunstâncias, tiranizá-los, invertendo papéis e colocando a humanidade no lugar incômodo de coisa. Coisa que não se reconhece mais no processo de reificação do qual é fruto, mas naturaliza o estranhamento ao qual ficou reduzida, transformando-se em alegoria grotesca de si mesma. Nesse processo delineado pelo livro, que vai da origem ao fim, o poeta faz com que o sujeito lírico transite e se coloque nas diferentes posições que vão de sujeito criador do mundo a sujeito devorado e deglutido por ele. Esses desdobramentos da subjetividade lírica não ocorrem de maneira abstrata, mas dentro de um contexto histórico específico, o da era atômica e do capitalismo tardio.