As representações sociais de escola e docência e a constituição identitária de licenciandos em Química

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Miranda, Camila Lima
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81132/tde-10072018-135219/
Resumo: Este estudo investigou as representações sociais (RS) de escola e ser professor de licenciandos em Química. Por meio do discurso desses licenciandos, também buscou-se identificar as representações/atribuições de \"outros significativos\" e de \"outros generalizados\", compreendendo se as representações identificadas se refletiam em suas constituições identitárias. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com quatro alunos de Licenciatura em Química de uma universidade estadual paulista, egressos de escolas públicas. Os dados foram interpretados por meio do diálogo entre duas teorias: a das representações sociais, na perspectiva de Serge Moscovici, e a da identidade profissional de Claude Dubar. As técnicas de análise foram inspiradas na Análise de Conteúdo proposta por Bardin, sendo criadas três categorias subdivididas, quando necessário, em subcategorias. Como resultados, foi possível depreender que o compartilhar da RS acerca de um objeto não implica, necessariamente, em modos singulares de atuação. Embora os jovens compartilhem uma RS de que o professor atuante no sistema público de ensino possui uma formação deficiente, agem de modo antagônico perante tal representação: enquanto uns manifestam o desejo pela atuação nesse sistema de ensino, outros não vislumbram essa possibilidade. Atuar como professor na rede pública de ensino básico pode implicar, para alguns sujeitos, assumir essa atribuição quanto à baixa qualidade enquanto, para outros, vincula-se à possibilidade de atuar de modo oposto àquele retratado nessa RS. A RS sobre a escola também se configurou como fonte de crises identitárias para esses jovens: a dificuldade em acompanhar os demais estudantes, ao migrar para uma escola privada; a reprovação no exame vestibular e a dificuldade em acompanhar o curso após sua aprovação no referido exame fizeram com que sentimentos como valorização e reconhecimento que os acompanharam durante sua escolarização, fundamentais para a construção identitária, fossem questionados, abalando a confiança na escola e em si. Por sua vez, na análise das atribuições dos outros, constatou-se, em relação aos \"outros significativos\", que suas escolhas profissionais não foram plenamente acolhidas por seus familiares; percebem um não acolhimento na universidade, devido à desvalorização do curso de Licenciatura e à falta de cuidado quanto aos diferentes perfis de alunos que compõem a universidade, em especial, por serem egressos do sistema público de ensino básico. Esses jovens sentem-se excluídos, especialmente pela dificuldade em acompanhar o curso. Já em relação aos \"outros generalizados\", sentem expectativas que destoam da RS que esse grupo construiu sobre a docência. Por fim, a análise das RS acerca de professor nos permite inferir que ser professor para esse grupo social relaciona-se à realização pessoal, intrinsecamente ligada à motivação, à autonomia, à inovação, ao afeto para com os estudantes e à necessidade de escutá-los. Os relatos que compuseram os dados deste estudo nos auxiliam a compreender o papel do olhar do outro na constituição identitária. É por meio de tal olhar que o sujeito pode também se reconhecer. Esperamos que o presente estudo possa contribuir para a ressignificação da formação docente, considerando-a enquanto construção diacrônica, permeada pelo contexto social, pela atribuição dos outros - sejam eles significativos ou generalizados - e pelas representações sociais dos atores envolvidos no processo.