Fatores intervenientes nas mortes por homicídio associadas ao consumo de álcool na cidade de São Paulo no ano de 2015

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Gonçalves, Raphael Eduardo Marques
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-09032021-163751/
Resumo: INTRODUÇÃO: O consumo excessivo de álcool é um grave problema de saúde pública, pois a embriaguez pode desencadear o comportamento violento e/ou autodestrutivo, tornando o indivíduo mais vulnerável à vitimização por violências em geral, o que sugere uma associação entre consumo de álcool e vitimização por homicídio. OBJETIVO: Analisar a associação entre o consumo de álcool e a vitimização por homicídio na cidade de São Paulo, no ano de 2015, em comparação com os dados de estudos anteriores, a fim de descrever os prováveis fatores intervenientes na sua dinâmica ao longo dos anos. MÉTODO: Dados de 1.054 vítimas de homicídio submetidas ao exame de dosagem alcoólica no sangue, no ano de 2015, foram obtidos a partir dos arquivos do Instituto Médico Legal do Estado de São Paulo e do Sistema de Informações Criminais (INFOCRIM). Os dados coletados foram: sexo, idade, cor da pele, método da morte e valores de alcoolemia. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O álcool foi detectado no sangue de 30,55% das vítimas, com média de alcoolemia de 1,81 ± 1,12 g/L. A maioria das vítimas pertencia ao sexo masculino (89,09%) e a prevalência dos níveis de alcoolemia positiva foi maior entre os homens (31,74%) do que entre as mulheres (20,87%). A média de idade das vítimas foi de 31,61 ± 12,64 anos, com maior prevalência de vítimas com alcoolemia positiva na faixa etária de 25-34 anos (36,34%). A faixa de alcoolemia predominante foi de 0,6-1,5 g/L. A maioria das vítimas da amostra era de cor parda (49,34%), porém houve maior prevalência de consumo de álcool entre as vítimas de cor negra (36,05%). Houve prevalência de vítimas de ferimentos por arma de fogo (65,94%), porém maior proporção de alcoolemia positiva dentre as vítimas de ferimento por arma branca (45%). Mesmo com alta prevalência de homicídios na cidade de São Paulo, tem-se observado uma tendência à redução nesses índices desde o início da década passada, possivelmente decorrente da introdução de políticas públicas relacionadas ao controle responsável das armas de fogo, à melhoria da organização policial e à regulação, repressão e conscientização sobre os prejuízos do consumo de álcool, com um possível efeito colateral sobre as vítimas de homicídio. CONCLUSÃO: O álcool foi detectado no sangue de quase um terço das vítimas de homicídio (30,55%), reforçando a existência de uma associação entre o consumo de álcool e a vitimização por homicídio na cidade de São Paulo. Desde a década passada, tem-se obervado redução na prevalência de homicídios, possivelmente devido à implementação de políticas públicas relacionadas ao longo dos anos