O lugar atribuído aos pais no sofrimento do adolescente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Hentz, Rita Dambros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-18112019-103758/
Resumo: Esta pesquisa de mestrado dedicou-se ao aprofundamento da compreensão da relação entre pais e filhos adolescentes. Seu objetivo geral foi investigar, a partir da narrativa de adolescentes sobre suas vivências, qual é o lugar atribuído às figuras parentais no seu sofrimento psíquico. Em decorrência disso, o objetivo específico foi explorar as estratégias de enfrentamento dos adolescentes diante dos conflitos experenciados com essas figuras parentais. Para isso, inicialmente, realizou-se um levantamento da literatura sobre o tema da pesquisa, percorrendo as contribuições de autores que se dedicaram ao estudo e ao atendimento de adolescentes, abordando desde as concepções freudianas relativas à puberdade até os postulados atuais sobre o adolescer. Além disso, ainda no levantamento bibliográfico, foi proposta uma reflexão sobre a idealização contemporânea da adolescência, acreditando que ela poderia estar servindo como um incremento ao sofrimento do adolescente em relação às figuras parentais. Posteriormente, para a coleta de dados, foi realizada uma entrevista aberta com eixos norteadores pré- estabelecidos com cada participante desta pesquisa. No total, foram entrevistados quatro adolescentes com idades entre 14 e 19 anos. A posteriori, as entrevistas foram transcritas e o material obtido foi analisado através do método de Análise Interpretativa proposto por Frederick Erickson e, para a interpretação dos achados, foi utilizado o referencial psicanalítico. A fim de apresentar a sistemática de trabalho que norteou este estudo, foram formuladas três asserções com os resultados da pesquisa. A Primeira Asserção foi intitulada A confusão de línguas entre os adolescentes e seus pais versus conflitos geracionais, a Segunda Asserção foi denominada A carência de relações significativas entre pares na adolescência, e a Terceira Asserção foi nomeada O corpo como campo de batalha diante de uma dor psíquica não legitimada. Na elaboração das asserções, o conceito ferencziano de confusão de línguas contribuiu para pensar sobre a dinâmica da relação entre pais e filhos adolescentes. Além disso, foi proposta uma diferenciação entre o conceito de confusão de línguas e de conflitos geracionais, sugerindo que, enquanto os conflitos geracionais possuem caráter estruturante para o adolescente e permitem o exercício da ambivalência, a confusão de línguas abole essa possibilidade e apaga a dissimetria entre o mundo adulto e o mundo adolescente. Discutiu-se ainda, no percurso, a falta de amizades na vida dos entrevistados, que pode estar relacionada a uma desconfiança do jovem no mundo. Frente à confusão de línguas, foi observada uma intensificação do sofrimento adolescente e percebeu-se o corpo como predominante nas tentativas dos jovens de aliviar a angústia. Salienta-se que esta investigação privilegiou a interpretação do adolescente sobre o sofrimento. Posto isso, os resultados encontrados indicaram a importância de demarcar a diferença entre as posições de adulto e de adolescente e evidenciaram a potencialidade traumática da confusão de línguas para os jovens. Acredita-se, assim, que a análise do material obtido junto aos participantes desta pesquisa ampliou as contribuições no campo da relação entre pais e filhos na adolescência