Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Martinho Junior, Eduardo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-15092021-110622/
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Resumo: |
Nesse estudo, as histórias de tratamento relatadas por adolescentes hospitalizados com o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) foram comparadas àquelas relatadas por uma amostra separada de adultos hospitalizados com TPB. Também, a gravidade e a fenomenologia das vivências dissociativas relatadas por adolescentes hospitalizados com TPB foram comparadas às relatas por adolescentes sem diagnósticos psiquiátricos e com as de uma amostra separada de adultos com TPB. Cento e quatro adolescentes entre 13-17 anos que preenchiam rigorosamente o diagnóstico de TPB foram entrevistados sobre suas histórias de tratamento psiquiátrico. A mesma entrevista semiestruturada foi administrada a 290 adultos com idade maior ou igual a 18 anos que também preenchiam critérios para TPB. A Escala de Experiências Dissociativas (DES) foi administrada a um total de 89 adolescentes hospitalizados entre 13-17 anos que preenchiam critérios para o TPB. A mesma medida de autorrelato de 28 itens foi administrada a 51 adolescentes da mesma faixa etária e a 290 adultos hospitalizados com o diagnóstico de TPB. Adolescentes e adultos com TPB apresentaram histórico semelhante de utilização de terapia individual (93% vs. 96%), medicamentos psicotrópicos de uso contínuo (93% vs. 84%), polifarmácia (68% vs. 66%), antidepressivos (72% vs. 80%) e de lítio (14% vs. 26%). No entanto, adolescentes foram significativamente mais propensos a apresentarem histórico de internações psiquiátricas prévias (96% vs. 79%), a terem participado de psicoterapia de grupo (54% vs. 36%), e relataram uso maior de antipsicóticos (55% vs. 39%) e estimulantes (19% vs. 7%) em comparação a adultos com TPB. Em contraste, em comparação com adultos com TPB, os adolescentes com TPB fizeram menor uso de terapia individual intensiva (0% vs. 36%), grupos de autoajuda (7% vs. 51%), tratamentos residenciais (13% vs. 36%), e de benzodiazepínicos (10% vs. 43%). Adolescentes com TPB apresentaram uma pontuação média na DES maior do que os adolescentes sem diagnósticos psiquiátricos (19 vs. 9), assim como em 2 dos 3 fatores derivados da DES: Absorção (27 vs. 15) e despersonalização (15 vs. 3). Adolescentes e adultos com TPB apresentam tanto a pontuação geral média quanto a dos 3 fatores derivados da DES semelhantes. Em relação a distribuição das pontuações médias da DES em adolescentes com TPB, 35% apresentaram pontuação de abaixo de 10 (baixa), 47% tinham pontuação entre 10 e 29.9 (comum em diagnósticos psiquiátricos não primariamente associados à trauma) e 18% tinham pontuação elevada, com DES maior ou igual a 30 (associada ao transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) ou transtornos dissociativos); um padrão de distribuição semelhante aos adultos com TPB. Em relação a experiências de adversidade na infância e ao diagnóstico de TEPT, em adolescentes e adultos com TPB que apresentam elevados níveis de sintomas dissociativos (DES maior ou igual a 30 pontos), os relatos de negligência tem taxas semelhantes (81% vs. 91%), enquanto esse subgrupo de adolescentes com TPB apresentam menores taxas de relato de abuso sexual (25% vs. 85%), físico (25% vs. 73 %) e menor prevalência de TEPT (25% vs. 87%) do que adultos com TPB. Em conjunto, os resultados desse estudo sugerem que tanto adolescentes quanto adultos hospitalizados com TPB apresentam histórias de tratamento complexas, com altas taxas de uso de recursos ambulatoriais e tratamentos intensivos. Adicionalmente, os resultados desse estudo sugerem que adolescentes com TPB apresentam vivências dissociativas tão severas quanto a de adultos com TPB, e reforçam a necessidade de acessar clinicamente, de modo estruturado, a presença de sintomas dissociativos em adolescentes com TPB, mesmo sem histórico de trauma |