A recidiva do câncer pediátrico: vivências da criança e do cuidador-familiar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Colli, Marina Noronha Ferraz de Arruda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-29112013-145453/
Resumo: No contexto da Oncologia, define-se recidiva como o reaparecimento do câncer após um período de remissão da doença, o que acarreta menor possibilidade de cura e necessidade de reorganização do paciente e de sua família para lidarem com a situação de tratamento. Considerando o elevado nível de ansiedade associado ao diagnóstico de recidiva e o reduzido número de investigações disponíveis na literatura nacional e internacional sobre seus aspectos psicossociais no âmbito da Oncologia Pediátrica, o presente estudo teve como objetivo compreender as vivências de crianças e de seus cuidadores-familiares diante dessa fase do tratamento. Participaram da pesquisa crianças com idades entre cinco e 12 anos incompletos, em tratamento de recidiva de câncer em um centro de referencia brasileiro para atenção em onco-hematologia infantil, e seus cuidadores principais. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, com enfoque na abordagem clinico-qualitativa. A fim de atender aos objetivos propostos, foi realizada uma entrevista, guiada por um roteiro semiestruturado, com o familiar responsável pelo cuidado do paciente e duas sessões de aplicação do procedimento de Desenhos-Estórias com a criança. As verbalizações foram audiogravadas mediante o consentimento dos participantes. Os relatos extraídos das entrevistas e as narrativas obtidas nas sessões com as crianças foram transcritos na integra e literalmente e, posteriormente, submetidos a analise de conteúdo temática, sendo os conjuntos de Desenhos-Estórias analisados de acordo com as recomendações da literatura. Os resultados mostraram que o diagnostico de recidiva remeteu os participantes ao período inicial de investigação e diagnóstico, porém com maior mobilização e intensidade afetiva. Emergiram sentimentos de frustração em relação as expectativas de cura, vivências de ameaça e perda de controle diante do adoecer e do prognóstico, favorecendo o confronto com a possibilidade da morte. Tal situação prejudicou a projeção para a temporalidade da cura, de forma a trazer implicações para a atribuição de sentidos da existência. A necessidade de recomeço do tratamento foi acompanhada pela necessidade de reorganização da dinâmica familiar e pelo fortalecimento afetivo para enfrentamento das vicissitudes do cotidiano terapêutico. Observaram-se relações entre as vivências parental e infantil, abrangendo questões como a comunicação e os significados atribuídos ao adoecer. A religiosidade e a busca de senso de controle foram recursos importantes utilizados pelos cuidadores para o enfrentamento das situações desafiadoras, ao passo que as crianças buscaram manter a proximidade afetiva com os cuidadores e fortalecer o sentimento de segurança. Compreender as vivências da criança e de seu cuidador-familiar pode oferecer subsídios para o planejamento de intervenções psicológicas que favoreçam o enfrentamento das peculiaridades da situação de adoecimento introduzidas pelo diagnóstico de recidiva do câncer infantil, contribuindo para a implementação dos cuidados paliativos.