Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Carranza, Sebastián Andrés Vernal |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-20052020-090642/
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Resumo: |
Introdução. Os pênfigos representam um grupo de dermatoses bolhosas autoimunes caracterizados pela produção de autoanticorpos contra as desmogleínas (Dsg). O pênfigo foliáceo (PF) decorre da produção de autoanticorpos contra Dsg1. No Brasil, o PF é descrito em focos geográficos definidos: áreas rurais próximas de bacias hidrográficas. Considerando essa distribuição, tem-se aventado a hipótese de que fatores ambientais, aliados à associação de alelos HLA, tenham papel na sua endemicidade, interrogando-se a participação de insetos hematófagos na etiopatogênese do PF. Objetivos. Verificar a participação das proteínas salivares de insetos hematófagos na etiopatogênese do PF em amostragem da região nordeste do estado de São Paulo (NESP), Brasil. Como objetivos específicos: (i) documentar a relação epidemiológica (fator de risco/doença) das principais espécies de insetos antropofílicos com a distribuição geográfica dos casos de PF no NESP; (ii) avaliar a resposta imune humoral IgG em pacientes com PF e controles contra extratos proteicos salivares (EPS) de Aedes aegypti, Nyssomyia neivai e Simulium nigrimanum, e contra as proteínas salivares maxadilan (expressa em Lutzomyia longipalpis e N. neivai) e LJM11 (expressa em Lu. longipalpis), e correlacionar essas respostas com os títulos anti-Dsg1; (iii) quantificar o IgE total e anti-IgE contra ESP dos insetos citados, em pacientes com PF e controles, e (iv) descrever o sialoma de N. neivai. Métodos. Os dados dos casos de PF e das principais espécies hematófagas do NESP foram registrados em mapas de distribuição espacial (ArcGIS v10.2). Para a detecção de anticorpos séricos (IgG e IgE) contra os EPS realizou-se ELISA in-house seguida de immunoblotting (IB). A dosagem de IgE total foi realizada pelo kit ImmunoCAPTM Total IgE segundo as instruções da fabricante. Para a detecção de anticorpos séricos (IgG) contra maxadilan e LJM11 também usou-se ELISA in-house. A quantificação de anticorpos anti-Dsg1 foi feita por ELISA comercial (MBL, Japão). A descrição do sialoma foi realizada com tecnologia Illumina RNA seq. A análise estatística para cada objetivo foi feita com testes não paramétricos. Resultados. Houve confirmação entre a distribuição geográfica dos insetos hematófagos S. nigrimanum e Nyssomyia neivai com os casos de PF registrados no NESP, confirmando elo epidemiológico. Pacientes com PF apresentaram maiores títulos de anticorpos IgG contra EPS de S. nigrimanum (P<0.001) e de N. neivai (P<0.050), comparados aos controles, porém sem diferença em relação ao EPS de A. aegypti (P=0.469). Os pacientes com PF apresentaram maiores níveis de IgE total em comparação aos controles (P<0.001). Títulos de anticorpos contra EPS de S. nigrimanum e N. neivai correlacionaram-se com os títulos de anti-Dsg1 no grupo PF (r=0.384, P=0.039 e r=0.416, P=0.022, respectivamente). Títulos de anticorpos IgE contra EPS de A. aegypti, S. nigrimanum e N. neivai correlacionaram-se com títulos de IgE total no grupo PF; e maiores títulos IgE contra EPS de N. neivai e A. aegypti foram observados no grupo PF, em comparação aos controles (P<0.001 ambos). Anticorpo IgE contra EPS de N. neivai evidenciaram uma correlação positiva com os títulos de anti-Dsg1 no grupo PF (P=0.077). Frações proteicas de EPS foram reconhecidas pelos pacientes com PF e controles no IB, sendo que PF reconheceram principalmente frações proteicasmenores de 60kDa do EPS S. nigrimanum e entre 5-10kDa do EPS de N. neivai. Ainda, maiores títulos de IgG anti-maxadilan, mas não anti-LJM11, foram identificados no grupo PF comparado aos controles (P<0.001). Títulos de IgG anti-maxadilan correlacionaram-se com títulos de IgG antiESP de N. neivai, assim como com anti-Dsg1 no grupo PF. Conclusão. Um link epidemiológico entre a distribuição dos casos de PF e das espécies S. nigrimanum e N. neivai foi confirmado no NESP. A exposição à picada desses insetos foi confirmada pela produção de anticorpos da classe IgG e IgE, com reconhecimento de várias frações proteicas do EPS, sugerindo a participação de diversos peptídeos salivares de insetos hematófagos na etiopatogênese do PF. Ainda, a correlação dos anticorpos anti-ESP e anti-maxadilan com anti-Dsg1 mostra possível mimetismo molecular, e participação das proteínas salivares na patogênese do PF no NESP. |