Desmogleína 2 na patogênese do pênfigo foliáceo e do pênfigo vulgar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Miguel, Marcela Calixto Brandão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-05072021-155752/
Resumo: Pênfigos são doenças bolhosas autoimunes, que afetam a pele e as mucosas, cuja produção de autoanticorpos IgG contra desmogleínas (DSGs) leva à acantólise. No pênfigo foliáceo (PF), há acometimento exclusivo da pele, por produção de anti-DSG1; no pênfigo vulgar (PV) forma mucosa, de anti-DSG3, e no PV forma mucocutânea, de anti-DSG 1 e 3. A teoria multipatogênica sugere a participação de outras moléculas não-DSG 1 e 3 na acantólise. A DSG2 é a isoforma de caderina desmossomal mais disseminada no organismo, porém, sua função na manutenção da integridade da epiderme e na patogênese dos pênfigos continua sendo estudada. Hipótese: A DSG2 estaria relacionada ou não à acantólise nos pênfigos, pela produção de anti-DSG2 ser patogênica ou decorrer do fenômeno de epitope-spreading, respectivamente. Objetivos: Determinar a produção de anticorpos contra DSG2 e correlacionálos com os dados demográficos e clínicos, e com anti-DSG 1 e 3, e a concentração do peptídeo DSG2 em amostras de soro de pacientes com PF e PV, comparados aos indivíduos controles; e comparar a expressão proteica e gênica das DSGs 1, 2 e 3 em amostras de pele e/ou mucosa de pacientes com PF e PV. Casuística e métodos: Estudo transversal com amostras de 202 pacientes com PF, 131 com PV, 51 familiares de PF (FPF), 57 FPV e 114 controles. A determinação de anticorpos contra DSGs foi feita por ELISA e imunoblotting (IB). Os títulos de anti-DSG 1 e 3 foram determinados por kits comerciais, e de anti-DSG2, por ELISA in house. IB foi realizado com extrato de epiderme humana incubada com soro de 7 pacientes com PF, 7 PV, 5 FPF, 5 FPV e 4 controles. A determinação do peptídeo DSG2 no soro de 25 pacientes com PF, 17 PV e 42 controles foi realizada por kit ELISA comercial. Para a expressão proteica e gênica das DSGs, utilizou-se amostras de pele íntegra (PI) e pele lesional (PL), e de mucosa íntegra (MI) ou lesional (ML) de 3 pacientes com PF e de 3 com PV, comparadas à pele normal controle. Imunohistoquímica (IHQ) foi realizada com anticorpos monoclonais contra as DSGs, e RT-PCR com primers específicos para cada DSG. Para a análise estatística, utilizou-se testes não paramétricos e análise de variância. Resultados: Os títulos de anti-DSG2 foram maiores nos grupos PF, PV e FPV, comparados aos controles (p<0,0001), e maiores no grupo PF em relação ao FPF (p<0,0046). A soroprevalência de anti-DSG2 foi maior nos grupos PF (63,9%), PV (66,4%) e FPV (73,7%), em comparação ao controle (27,2%) (p<0,0001), e foi maior no grupo PF, comparado ao FPF (p<0,0012). A correlação entre os níveis de anti-DSG1 e anti-DSG2 foi significante no PF (r=0,175; p=0,012); no PV, houve tendência à correlação positiva entre anti-DSG3 e anti-DSG2 (r=0,167, p=0,056). No grupo PF, houve correlação positiva entre a idade e os títulos de anti-DSG2 (r=0,1457, p=0,0385); e o gênero masculino apresentou níveis mais elevados de anti-DSG2, comparado ao gênero feminino (p=0,0092). No grupo PV, os títulos de anti-DSG2 foram maiores no grupo sem tratamento comparados àqueles em tratamento sem e com lesões ativas (p=0,0110 e p=0,0311, respectivamente). IB não permitiu discriminar as bandas de 150 kDa (DSG2) ou de 160 kDa (DSG1) pelas amostras de soro. A expressão proteica da DSG2 ocorreu em toda a epiderme íntegra e no teto e assoalho das bolhas na pele de PF e PV. Grânulos de DSG1 e DSG3, mas não de DSG2, foram observados em amostras lesionais de PF e PV, respectivamente. Os genes DSG1 e DSG3 foram tipicamente expressos na pele de PF e PV; a expressão gênica de DSG2 foi maior nas mucosas de PF e PV. Conclusões: Anticorpos anti-DSG2 estão presentes no soro de pacientes com pênfigo, e também de familiares e controles, indícios de que não são patogênicos isoladamente nos pênfigos. O peptídeo DSG2 teve concentração similar nos pacientes com pênfigos e nos controles saudáveis, o que favorece a hipótese de que ele não tem participação nos pênfigos. IB e ELISA são técnicas diferentes usadas para detecção da ligação antígeno-anticorpo. A ausência de internalização da DSG2, comparada às DSG 1 e 3 no PF e PV, respectivamente, favorece não ter participação nos mecanismos de acantólise. A maior expressão proteica da DSG2 nas amostras dos pacientes com PF e PV em relação à pele normal controle pode ter ocorrido para auxílio no reparo tecidual. Como conclusão final, os autoanticorpos anti-DSG2 não são patogênicos nos pênfigos.