Mar de concreto: uma leitura da cidade e de sua relação com o mar nos poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Cerqueira, Gabriela Potti
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Mar
Sea
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-29092011-093725/
Resumo: A cidade e sua relação com o mar nos poemas da autora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen é o tema central do presente trabalho. Se, num primeiro momento, uma leitura superficial do espaço urbano em sua obra poética sugere uma perspectiva negativa, à medida que se dedica um olhar mais atento a essa poesia, é possível observar diferentes percepções do ambiente citadino. A análise pormenorizada apresentada no estudo em questão mostra que, nos poemas da autora, a visão da cidade que, tal qual Babilônia é corrupta e corruptora e se caracteriza como um espaço hostil bem como sombrio, coexiste com mais outros dois perfis de espaço urbano: as cidades délficas e as cidades sedutoras. Fazendo contraponto às herdeiras da Babilônia, as que compõem o primeiro grupo remetem à imagem da cidade que floresce do Apocalipse. Dotadas de elementos do espaço natural, elas são lugares nos quais o sujeito encontra claridade, pureza e acolhimento. Já o outro perfil de espaço urbano, composto pelas cidades sedutoras, é carregado de dualidade. Magnéticas, elas atraem o sujeito poético com suas luzes e brilhos, mas, ao mesmo tempo, também causam repulsa e emitem um esplendor falseado, num contexto em que aquilo que causa fascínio no sujeito coexiste com o que o desagrada e provoca desconforto. Entretanto, antes de apresentar essa análise do espaço citadino, o estudo traça um percurso que tem como ponto de partida uma característica constante na poesia da autora: a busca incisiva do real em todas as suas perspectivas, inclusive aquelas que sugerem uma relação antagônica. Partindo dessa abordagem mais panorâmica da obra de Sophia, o trabalho, num outro momento, evolui para a percepção do real de um ponto de vista mais restrito: o do espaço físico, dentro do qual o meio transformado pelo homem e o ambiente natural apresentam configurações distintas. Se florestas, desertos, rios e mares são lugares de liberdade, harmonia e identificação para o eu, os muros, ruas e esquinas geralmente surgem como espaços de desajuste e isolamento. É da percepção que o sujeito poético revela ter desses ambientes que se chega ao eixo central apontado acima: as cidades e suas diferentes configurações. Exemplo mais marcante do meio transformado pelo homem, elas excedem a leitura associada à idéia de dor, confinamento e sofrimento. À medida que estabelecem diferentes relações, ora conflituosas, ora harmoniosas com elementos do meio natural entre os quais o mar surge como principal expoente no contexto dessa poética , elas revelam que existem outras leituras possíveis do espaço urbano.