Literatura infantil de temática étnico-racial na produção acadêmica do século XXI

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Rubio, Jussara de Oliveira Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-10022023-151727/
Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo investigar como a temática étnico-racial se apresenta no interior da literatura infantil brasileira, decorrente da obrigatoriedade legal instituída pela Lei nº 10.639/03 para o ensino de literatura africana e afro-brasileira nos currículos da educação básica, evidenciando qual a sua importância na formação da identidade étnico-racial e valorização da cultura africana e afro-brasileira desde a primeira infância. Como resultados, ressaltam-se a intrínseca relação entre a produção da literatura infantil e o desenvolvimento da educação escolar em nosso país. Somado a isso, identificamos que a dificuldade de definição do que é literatura infantil advém da instabilidade do próprio conceito de infância que ainda permeia importantes reflexões de teóricos pelo mundo todo (Ariès, 1981; Hunt, 2010; Fiuza, 2021, 2007). O resultado do levantamento de dados realizado nas plataformas digitais CAPES, BDTD-IBICT e SciELO indicou, de maneira geral, um ascendente interesse acadêmico pelo tema da literatura infantil durante as primeiras duas décadas dos anos 2000. Contudo, a verificação título a título revelou que uma parte muito pequena dessa produção destacou a literatura infantil como foco central, indicando que a mesma ainda luta por reconhecimento na área acadêmica. Desse modo, o panorama obtido pelo levantamento de dados sobre a produção acadêmica de literatura infantil de temática étnico-racial no mesmo período indicou situação semelhante, havendo crescente interesse pelo tema após a promulgação da Lei nº 10.639/03 em seus mais variados aspectos, mas foram poucas as pesquisas que indicaram em seus títulos o foco específico na literatura infantil africana/afro-brasileira/negra. Esses resultados, juntamente com a constatação de que existem poucas disciplinas obrigatórias nos cursos de formação de professores na área da Educação, que tratam da literatura infantil e da educação para as relações étnico-raciais, revelaram o lugar de subalternidade que ainda ocupam essas temáticas nas grades curriculares dos cursos de Pedagogia (Pereira, 1981; hooks, 2013; Silva, 2017; Debus, 2017). Concluímos que ambas temáticas foram relegadas historicamente a um patamar de inferioridade pelo campo acadêmico e que hoje, uma menos que a outra, certamente coexistem com a luta por seu reconhecimento. Acredita-se que seja urgente a descolonização dos currículos numa perspectiva negra brasileira defendida por Gomes (2019), compreendida por uma ruptura epistemológica, política e social, que alcance para além do campo da produção do conhecimento, como também as estruturas sociais e de poder. Nessa perspectiva, será possível formar professores por meio de um pensamento pedagógico emancipatório, que romperá com a hierarquização dos conhecimentos no ensino superior e, consequentemente, se desdobrará nos currículos da educação infantil.