As várias faces do Brasil: a imagem do caju em Macunaíma

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Paula, Jakeline Fernandes Cunha de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-12032010-172014/
Resumo: Macunaíma, de Mário de Andrade, é uma das obras brasileiras que mais intrigam a crítica literária. Afinal, analisar a narrativa modernista pressupõe fazer um diagnóstico do Brasil, cujas interpretações se cruzam e entrecruzam, atuam e reagem umas sobre as outras, ora prolongando ora opondo-se, como demonstraremos através do colóquio entre importantes vertentes teóricas que interpretam a rapsódia e o Brasil. A partir desse colóquio tentamos abrir um veio analítico pouco explorado pela crítica; percebemos que o estatuto ambíguo do herói (do Brasil) poderia ser verificado por meio da disposição das árvores, frutas e alimentos que perfazem cenas e enumerações da obra. Mas diante da abundância de tantas árvores, alimentos e frutas na rapsódia, escolhemos uma imagem para nos deter com mais afinco: o caju. Tomar esse detalhe concreto como fonte de estudo da obra nos fez perguntar: o que se pode depreender dessa fruta nativa reiterada na rapsódia? O caju reflete a mobilidade intrínseca à forma da obra? Ou melhor: em que medida o cajueiro, sua ramagem e frutos, salpicados ao longo da obra, ajudam a compor o impasse intrínseco a ela (se é que o fazem)? O caju por si só é fruta contraditória: é doce, esponjosa, suculenta, aromática, mas de sabor travoso deixando certo amargor na boca. O caju é assim símbolo possível para se pensar a obra-impasse de Mário de Andrade e, por ela, o Brasil. Ousaríamos dizer que o dulçor e o travo dessa fruta parecem ter contagiado não só a voz narrativa em Macunaíma, mas as línguas-intérpretes que degustam essa lira-prosa de cantador.