Macunaíma: a ética e o mito do "brasileiro"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Sônia Regina da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=10813382
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/61987
Resumo: O objetivo da pesquisa é o de abordar a questão da ética do “brasileiro” na sociedade em que está inserido, a partir da análise do personagem Macunaíma, no célebre romance de Mário de Andrade (1928). Pretendemos analisar Macunaíma enquanto figuração ficcional do “brasileiro”, considerado como projeção imaginária. A nosso ver, o aposto qualificativo “herói de nossa gente”, a definir o protagonista do romance, bem como o que se acrescenta a este, o pejorativo “herói sem nenhum caráter”, são indicativos, no texto, dessa relação entre Macunaíma e o “povo brasileiro” em sua forjada imagem de totalidade. Buscaremos empreender uma investigação crítico-teórica acerca dos valores éticos inerentes à ação humana do “brasileiro”, relacionados às suas (supostas) maneiras de se comportar, de pensar, de agir, em suma, de ser como indivíduo, como explícito no romance de Mário de Andrade, mediante as alegorias condensadas no protagonista. Pois são posturas e comportamentos construídos, adquiridos e conquistados na interação em sociedade, incitando-nos à seguinte indagação: “O que é ser “brasileiro” em uma sociedade na qual há a possibilidade de o indivíduo ser, simultaneamente, um herói, mas sem nenhum caráter?” Fica claro o paradoxo entre os termos antitéticos (herói X sem caráter), sendo que a indagação ética ligada ao ser do povo “brasileiro” no caso de Macunaíma se relaciona às próprias origens indígenas (valores de uma cultura ameríndia), negras (valores africanos transplantados à força, sob o tacão opressivo da escravidão) e portuguesas-europeias (ligadas a contingentes menos favorecidos daquele continente que aportaram por aqui a partir do descobrimento) dessa população. Conceitos de Antonio Candido a Roberto DaMatta, passando por Gilda Mello e Souza ou José Miguel Wisnik, bem como de Deleuze e Nietzsche, entre outros, nos ajudarão a definir melhor, por um lado, o grau de transgressão estética e formal do romance em questão e, por outro, parâmetros para um debate sobre a ética em nosso meio cultural.