Brasil e Bolívia: a mulher como força de trabalho e o processo de acumulação capitalista na dinâmica do circuito comercial transfronteiriço

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Soken, Dirce Sizuko
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-19012017-124650/
Resumo: Esta pesquisa da tese de doutorado tratou de compreender como a mulher brasileira e boliviana contribui para a (re)produção do espaço transfronteiriço das cidades-gêmeas de Corumbá, no Brasil, e das cidades de Puerto Quijarro e Puerto Suarez, na Bolívia. A abordagem geográfica sobre o trabalho produtivo e reprodutivo da mulher teve como pressuposto a produção do espaço, uma vez que a divisão social do trabalho implica em divisão sexual do trabalho, ou seja, o trabalho feminino é uma questão de análise do espaço (ROSSINI, 1988). Observou-se que a pesquisa de Gênero na Geografia tem como propósito entender a organização desse espaço transfronteiriço a partir do uso da força de trabalho feminino no comércio, onde as mulheres organizam a atividade concomitante a reprodução social. O princípio norteador do método da pesquisa foi a formação sócioespacial das cidades-gêmeas entre Brasil e Bolívia e revelou os vários períodos de ocupação desse espaço fronteiriço. Duas frentes de ocupação se destacaram no estudo, pois potencializaram as relações transfronteiriças ao longo das décadas de 1990 e 2000: a circulação de produtos industrializados provenientes de várias fronteiras, como a brasileira, a chilena, a peruana e a argentina; e a expansão do comércio popular, especialmente de confecção, para as fronteiras bolivianas com uso da força de trabalho feminina. Sobretudo, no que se refere à base teórica metodológica sobre o trabalho feminino na área de fronteira, a investigação orientou-se pelas análises socioeconômica, espacial e pelo conceito da divisão sexual do trabalho. A pesquisa evidenciou a importância das famílias, empresas e agentes governamentais consolidados nos territórios de fronteira, pois funcionam como organismos sociais do Estado ratzeliano. Adotou-se a pesquisa qualitativa por meio de observações, imagens fotográficas, reportagens e noticiários da imprensa local, bem como, de entrevistas semi-estruturadas e informais para a coleta de dados nas cidades-gêmeas de fronteira. Em termos gerais, constatou-se que as mulheres que trabalham no comércio do circuito inferior das cidades-gêmeas entre Brasil e Bolívia foram as responsáveis pela pulverização das relações transfronteiriças, mediante as formas de organização dos negócios e do trabalho e, principalmente, pelo estreitamento dos laços familiares. Portanto, revelou-se que a atividade comercial operacionalizada pela mulher faz dela importante articuladora dos arranjos territoriais da fronteira.