Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Purcino, Flavia Abranches Corsetti |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-12122023-180052/
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Resumo: |
Introdução: A incidência do câncer de mama está aumentando em todo o mundo e é a neoplasia maligna mais comum entre adolescentes e adultos jovens, entre 15 e 39 anos. Nesse período não há recomendação para rastreamento de câncer de mama em populações jovens com risco habitual; a doença é comumente diagnosticada em estadios mais avançados e com pior prognóstico. Devido às suas particularidades, mulheres jovens com câncer de mama podem vivenciar barreiras de acesso ao diagnóstico e ao tratamento, associadas a fatores sociodemográficos, clínicos e relacionados à assistência e atitude dos profissionais de saúde gaslighting médico, bem como à navegação no sistema de saúde. Assim, a análise qualitativa das barreiras de acesso ao diagnóstico e tratamento podem prover melhorias na coordenação de ações na assistência, qualidade de vida e prognóstico das mulheres jovens com câncer de mama. Objetivo: Analisar as barreiras de acesso ao diagnóstico e tratamento de mulheres jovens com diagnóstico de câncer de mama. Método: Estudo qualitativo, desenvolvido no Setor de Mastologia da Divisão de Ginecologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), hospital terciário oncológico vinculado ao Hospital das Clínicas HCFMUSP, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, conduzido entre maio/2019 e dezembro/2021. A casuística foi obtida a partir de lista de 89 pacientes elegíveis fornecida pelo Núcleo de Pesquisa do ICESP, com idades entre 18 e 39 anos e diagnóstico de carcinoma in situ ou invasivo de mama. A seleção de pacientes se deu por amostragem teórica com termo de consentimento livre e esclarecido, condução das entrevistas até obter a saturação nos discursos. A base metodológica utilizada foi a teoria fundamentada em dados que permite a compreensão do fenômeno estudado do ponto de vista do participante. As 13 pacientes selecionadas participaram de entrevistas presenciais com coleta de dados epidemiológicos e sociodemográficos, responderam ao formuláriosemiestruturado da Narrativa do Câncer de mama, que consiste em uma série de perguntas abertas aplicadas com o objetivo de obter detalhes individuais da história do diagnóstico e tratamento de cada participante, permitindo às participantes reconstruírem sua experiência dentro do contexto de suas vidas e do sistema único de saúde. As informações clínicas e patológicas foram obtidas por revisão do prontuário hospitalar. Os dados foram compilados em planilha de excel e as entrevistas foram transcritas em sua totalidade, codificadas e as gravações arquivadas para auditoria. Os dados foram transferidos para análise no software NVIVO. Resultados: Participaram 13 pacientes, procedentes da cidade de São Paulo, com idade média de 34,4 anos, casadas, com ensino médio completo, trabalhadoras ativas com remuneração salarial, com renda familiar de até 4 salários mínimos e com pelo menos um filho. Todas tiveram diagnóstico de carcinoma invasivo do tipo não especial, sendo maior parte com estadiamento avançado ao diagnóstico. Foram submetidas a diferentes tipos de tratamento, como quimioterapia, cirurgia, radioterapia e hormonioterapia. A Narrativa do Câncer de mama mostrou que 11/13 (84,6%) procuraram o auxílio médico quando perceberam nódulo nas mamas ou nas axilas; 7/13 (53,8%) referiram que suas queixas não foram valorizadas e não houve encaminhamento adequado para investigação diagnóstica e 8/13 (61,5%) relataram atrasos causados pelos profissionais de saúde para realizar exames complementares referentes à queixa. O local de diagnóstico inicial variou entre as entrevistadas, sendo que 6/13 (46,1%) receberam o resultado no Hospital das Clínicas HCFMUSP e 6/13 (46,1%) nos Ambulatórios de Especialidade (AMEs) no Sistema Único de Saúde (SUS) e 1/13 particular. 12/13 (92,3%) afirmaram que receberam o diagnóstico em um local diferente daquele no qual elas faziam o acompanhamento de saúde regularmente. Todas relataram sentir necessidade de ajuda com afazeres diários e 9/13 (70%) precisaram de auxílio financeiro. Conclusão: A narrativa do Câncer de mama trouxe conteúdo que revela barreiras de acesso ao diagnóstico e tratamento da doença nas pacientes jovens entrevistadas, relacionadas a fatores socioeconômicos, fluxo de assistência no sistema único de saúde e atitude dos profissionais de saúde (gaslighting médico). O destaque especial para a presença do gaslighting médico na assistência à saúde da mulher jovem com queixa de nódulo de mama no SUS e posterior diagnóstico de câncer de mama foi um importante fator de barreira de acesso ao diagnóstico e tratamento identificado nos discursos das mulheres entrevistadas. |