Pequenos publicitários: a persuasão na escrita de crianças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Costa, Renata de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-01122014-114259/
Resumo: Esta pesquisa toma como objeto de estudo o modo como crianças, nos quatro primeiros anos de escolarização, escrevem seus textos, quando atendem à solicitação de produzir uma tarefa escolar na qual está pressuposto o objetivo de influenciar os leitores. Seu ob-jetivo geral é investigar a possibilidade de encontrar nos escritos de crianças indícios de que houve, por parte de quem escreveu, uma preocupação em produzir enunciados que poderiam gerar a ressonância de suas posições junto aos leitores. A partir de um interesse em investigar como uma criança pode vir a se tornar um escritor proficiente, questiona: De que modo crianças entre sete e dez anos de idade mobilizam estratégias persuasivas que podem, ao menos potencialmente, fazer suas palavras ressoarem nos leitores? Para construir uma resposta a esse questionamento, o trabalho analisou um corpus composto por 103 manuscritos, produzidos por nove crianças que à data da primeira coleta estavam concluindo a primeira série (corresponde atualmente ao segundo ano) e quando os últimos textos foram escritos estavam no último ano do ensino fundamental (atualmente, o quinto ano). Todos os textos foram escritos em contexto escolar, como parte das atividades de rotina das crianças. As tarefas propostas tiveram em comum o pressuposto de argumentar e/ ou persuadir o interlocutor estabelecido na proposta. A investigação partiu da hipótese de que crianças com a idade dos participantes desta pesquisa estão aprendendo como fun-ciona a vida em sociedade. Baseando-se na lógica freudiana, é possível dizer que as cri-anças acessam mais facilmente seu pensamento inconsciente (FREUD, 1901-1905/ 1990) porque, quase ninguém, em tenra idade, passou pelos processos culturais cujo resultado será o recalcamento (FREUD, 1901-1905/ 1990). Consequentemente, suas produções ten-dem a ser mais criativas e, até mesmo, ousadas. A partir da análise dos dados, verificou-se que essa ousadia resultou em estratégias persuasivas pautadas, ao menos potencial-mente, em tentativas de tocar o interlocutor, em fazer suas palavras ressoarem (LACAN, 1975-1976/ 2007). Chamou a atenção, também, o fato de que algumas das estratégias utilizadas pelas crianças serem similares às de peças publicitárias. Após o acompanha-mento longitudinal, conclui-se que as crianças foram capazes de elaborar estratégias ar-gumentativas e persuasivas com eficiência e criatividade, utilizando, inclusive, estratégias comuns a peças publicitárias. Foi observado, também, um refinamento paulatino das es-tratégias, indicando um aperfeiçoamento na escrita das crianças. Assim, vê-se que, já nos anos iniciais da escolarização, é possível realizar um trabalho envolvendo a escrita de textos argumentativos.