\"\'Adeus, hormônios\': concepções sobre corpo e contracepção na perspectiva de mulheres jovens\"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santos, Ananda Cerqueira Aleluia dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-15052018-092501/
Resumo: A pílula anticoncepcional, no momento de sua criação, foi considerada como uma grande invenção do século XX, desencadeando transformações na vida sexual e contraceptiva de mulheres, sendo ainda hoje um dos contraceptivos mais utilizados no Brasil. Essa dissertação versa sobre o processo de suspensão do uso da pílula anticoncepcional pelas participantes do grupo de Facebook \"Adeus, Hormônios: contracepção não-hormonal\". O exame dos significados construídos em torno da pílula anticoncepcional são parte constituinte e fundamental para a compreensão deste processo, que se dá a partir da Etnografia do Ciberespaço, da observação e análise do grupo virtual, de entrevistas com as administradoras e moderadoras do mesmo, e das publicações das participantes realizadas nesse espaço. O grupo é formado majoritariamente por mulheres de 18 a 34 anos, residentes de estados do sul e do sudeste brasileiro. Em seus discursos, constam preocupações com os efeitos colaterais da pílula anticoncepcional e demais contraceptivos hormonais, com a escolha do método contraceptivo não-hormonal mais adequado considerando as especificidades de cada sujeito, com debates em torno da ideia de \"corpo natural\" e de produção de estilos de vida. Há um conjunto de fatores que contribuem para a ampliação e fortalecimento deste movimento de \"suspensão do hormônio e construção de um corpo natural\", dentre elas: mulheres incomodadas com intervenções médicas, mulheres questionando determinadas concepções sobre padrões corporais, um incentivo ao \"viver saudável\" nas redes sociais, discussões sobre humanização na assistência à saúde, releitura de determinados ideais feministas, disseminação de notícias de mulheres doentes em função de efeitos adversos da anticoncepção oral, divulgação de tudo isso em uma plataforma de amplo alcance como o Facebook. A mulher que recusa o uso da pílula anticoncepcional exprime a díade liberdade-controle: por um lado, guarda a perspectiva da liberdade de ter um corpo destituído de hormônios, por outro lado, tem a busca pelo domínio sobre seus processos corporais e pelo método contraceptivo que mais se adequa a ele. Pode-se falar também numa díade natural-artificial: enquanto a pílula anticoncepcional promove um controle artificial de determinados processos corporais, os métodos naturais possibilitam uma \"gestão consciente\" do corpo, baseada numa interpretação e respeito a seus \"processos naturais\". Todavia, não se escapa à busca pelo controle sobre este \"corpo natural\", ainda que a observação e vigilância constantes da própria mulher sobre o corpo ensejam a liberdade de poder \"compreendê-lo\".