Frames do movimento feminista sobre assédio sexual: uma análise de vídeos publicados por mulheres no Youtube antes e depois da lei do crime de importunação sexual

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Serra, Janaínna de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/107/107131/tde-02082022-145140/
Resumo: Esta dissertação teve por objetivo estudar os frames utilizados por mulheres para interpretarem eventos ou experiências, suas ou de outras mulheres, com assédio sexual, por meio da análise de conteúdo de vídeos postados na plataforma YouTube. Para tanto, foram coletados vídeos na plataforma YouTube, em janeiro de 2020, mediante buscas com palavras-chave relacionadas a assédio, para, a partir do corpus selecionado, analisar o conteúdo dos vídeos, com a finalidade de apresentar como resultados os frames do movimento feminista e o modo como são operados por essas mulheres em suas narrativas sobre assédio sexual. Além disso, analisou-se a promulgação da Lei nº 13.718, criadora do crime de importunação sexual, em vigor desde 24 de setembro de 2018, quanto à sua influência nessas interpretações de assédio sexual. Para desenvolver esta pesquisa, adotei como base teórica os estudos de enquadramentos interpretativos do movimento social (BENFORD; SNOW, 2000; PEREIRA; SILVA, 2017; SILVA; COTANDA; PEREIRA, 2017; SNOW et al., 1986; SNOW; BENFORD, 1988), os quais atentam às práticas interpretativas da vida cotidiana e às construções de significados feitas pelos movimentos sociais para mobilizar os indivíduos. Ainda nessa perspectiva, utilizo o termo assédio sexual para analisar narrativas sobre atenção sexual indesejada e categorizo os resultados dessa análise como frames do movimento feminista, com base no trabalho de Marshall (2003) sobre o mesmo tema. Em termos metodológicos, trata-se de pesquisa empírica com abordagem qualitativa, na qual utilizei a análise de conteúdo (BARDIN, 1977; BAUER, 2002) para examinar as mensagens dos frames do movimento feminista (PEREIRA, 2016). O corpus analisado foi constituído por dez vídeos postados antes da promulgação da nova lei que tipificou a importunação sexual como crime e dez vídeos postados após a promulgação dessa lei. Foram selecionados apenas vídeos de narrativas de mulheres, sem vinculação com veículos de imprensa ou órgãos governamentais, tratando de assédio sexual. Na análise dos dados, tive como base as dimensões diagnóstico, prognóstico e motivação de Snow e Benford (1986) e cheguei a uma divisão dos frames usados pelas mulheres em três categorias de frames: individual, social e estatal. Os resultados mostraram que os frames individual e social são os mais usados pelas analisadas para interpretarem casos de assédio sexual. Esses frames também mostraram influência na criação do crime de importunação sexual. Após a promulgação da Lei nº 13.718/2018, verifiquei um aumento no uso do frame estatal, porém, preferencialmente por mulheres da área do Direito. Com isso concluo que os frames individual e social do movimento feminista são de maior relevância nas interpretações de mulheres sobre assédio sexual que os fornecidos ou direcionados ao Estado (frame estatal).