Tocando faces: o papel ativo de infantes primatas em seu desenvolvimento social

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Beatriz Franco Felicio dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-08042024-155544/
Resumo: O tato tem grande impacto sobre o desenvolvimento de infantes primatas, mas ainda é pouco estudado. Pouco se fala, por exemplo, sobre a influência do toque feito por infantes em seu ambiente e desenvolvimento social. Neste trabalho, procurei preencher essa lacuna em dois estudos, o primeiro com macacos-prego e o segundo com chimpanzés e humanos. No primeiro, investiguei o toque de infantes de Sapajus libidinosus na face de outros indivíduos do grupo, ao longo dos primeiros três anos de vida, e avaliei se esse comportamento faz parte do repertório social e se ele tem a função de facilitar o reconhecimento facial. No segundo, estudei o mesmo comportamento, porém em infantes de um ano de idade pertencentes a três grupos de chimpanzés e a três de humanos, inseridos em diferentes contextos de desenvolvimento. Para isso, averiguei a frequência e o contexto de ocorrência do toque na face de 8 filhotes de macaco-prego, 19 de chimpanzés e 32 de humanos através de vídeos já coletados anteriormente. Para os macacos-prego, codifiquei todos os eventos sociais do acervo de vídeos LEDIS e detalhei o padrão motor do toque na face. Constatei que esse comportamento, nas três espécies, estava majoritariamente envolvido com contextos afiliativos. Em macacos-prego, o toque dos infantes na face de outros indivíduos do grupo era associado ao lipsmacking e a contextos com contato visual. O toque, nessa espécie, também ocorreu como resposta ao engajamento iniciado pelo indivíduo tocado e envolveu a exploração da face, podendo sinalizar uma reciprocidade à interação afiliativa e se configurar como um gesto prazeroso. Não houve preferência entre os indivíduos tocados, o que me permitiu corroborar parcialmente a hipótese do reconhecimento facial. No segundo estudo, constatei que há preferência do infante por tocar fêmeas adultas e que há grandes diferenças intraespecíficas. Assim, concluo que o comportamento deve fazer parte do repertório social afiliativo do infante e ser adaptativo, por estar presente em três espécies distintas da ordem Primata.