O entendimento da vida sob uma perspectiva erótica da existência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Viana, Paulo Vinicius Bachette Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-04112024-154148/
Resumo: Desde seus primeiros escritos, concentrados na obra A Estrutura do Comportamento, Merleau-Ponty buscou estabelecer e desenvolver relevantes articulações entre experiências e conceitos relacionadas ao campo da sexualidade e do erotismo em vista a expressar a complexidade desse sentido da vida. Uma vez aberto esse campo, o filósofo se propôs a investigar, sobretudo através de seu longo e frutífero debate com as pesquisas e teses psicanalíticas, a amplitude ou alcance do erotismo. Algo a que se dedicou a investigar inicialmente, no conjunto da experiência humana, a partir dos estudos presentes em sua obra a Fenomenologia da Percepção, que lhe teriam permitido abordála como concernente a um poder primordial de significação, isto é, como uma intencionalidade indicativa da instauração do sentido na experiência humana à partir de sua dimensão natural. Ponto de vista que, por sua vez, lhe teria posteriormente ensejado a abertura para novas incursões, as quais se desdobraram em seus trabalhos tardios, pós 1950, sobretudo em seus cursos concentrados no exame das noções de Instituição, Passividade (1954-1955) e o conceito de Natureza (1957-1960) e que um aprofundamento de sua interrogação assim como a consolidação de algumas posições em torno do sentido da experiência erótica. Nesse sentido, o objetivo da presente tese consistiu em apresentar a proposição de que, no bojo dessas investigações, sobretudo no que diz respeito aos trabalhos sobre o fenômeno vital de Georges Canguilhem e da etologia de Konrad Lorenz, o fenômeno erótico adquire destaque vindo a contestar a compreensão de que a experiência instintiva retrataria uma situação de clausura imposta ao organismo pela necessidade. Se tratando, ao contrário disso, de uma abertura orientada por um horizonte, abertura ou nível, que nortearia o interjogo entre ele e as formas do meio externo. Entendimento que teria se firmado, dessa forma, como uma relevante contribuição para a redefinição da própria noção de Intencionalidade tal como assumida por Husserl. Pois esta teria passado a ressaltar, a partir dessa nova perspectiva assumida pelo filósofo, o papel da dimensão corporal como reveladora de uma configuração pulsional e desejante a qual revelaria a intencionalidade humana, em contrapartida às posições de Husserl, como portadora de um sentido de abertura ou horizonte. Que, por sua vez, seria expressa à maneira de \"investimento\", e que a situa como marca indicativa do desconhecimento de si e do apelo pela alteridade. Movimento que, para Merleau-Ponty e Lacan, por sua vez, também abarcaria uma dimensão de alienação ou destituição subjetiva a qual se manifestaria por meio de um fenômeno da \"fascinação\", tratado pelo filósofo com as noções de acontecimentalidade ou evento (Endstiftung), e que, por sua vez, corresponderiam, ao advento da visibilidade, ou seja, a assunção do ponto de vista externo assim como do estabelecimento do sentido de unidade do Ser. Em síntese, assinala-se que as investigações de Merleau-Ponty em torno do fenômeno erótico possibilitaram ao filósofo, sobretudo nos cursos sobre o conceito de Natureza (1957-1960), ressaltar a participação da libido na formulação de um sentido da experiência vivida pertinente ao desenrolar de um drama vital que parte do domínio animal e se prolonga até a experiência do sujeito particular situado em um mundo humano e compartilhado.