Linguagem como expressão do corpo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Severo, Daniel Cardozo [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/39346
Resumo: Este trabalho teve como objetivo central compreender o lugar da linguagem como uma das formas de expressão do corpo. Merleau-Ponty trata desse tema, pela primeira vez e de forma explícita, no último capítulo da primeira parte da obra, Fenomenologia da Percepção, intitulado de O corpo como expressão e a fala. Para esclarecer a relação entre esses três elementos - fala, expressão e corpo - fez-se necessário combater alguns problemas filosóficos que o autor encontra ao colocar a linguagem nesse outro lugar, diferente da concepção defendida pela tradição anterior a ele. O principal deles estaria na base do pensamento ocidental, pois ele pautou-se em premissas equivocadas para compreender a realidade, as quais o autor denominou de pensamento de sobrevoo. A escolha do adjetivo sobrevoo se deu pelo tipo de resposta, científica e filosófica, ao problema da sensação e da percepção encontrado no “realismo ingênuo”, ou seja, a solução dada por eles separaria e reduziria à realidade a dicotomia sujeito/objeto. Desse modo, houve uma deturpação da percepção tanto do corpo quanto da linguagem, porque, com a cisão da realidade, estabeleceu-se a separação corpo e alma, a qual submeteu o primeiro ao último, consagrando a supremacia do pensamento. Nessa soberania, a sujeição da linguagem se deu com o nascimento do conceito de representação, matéria-prima do pensamento. Portanto, para Merleau-Ponty, o primeiro passo a ser dado para a real compreensão do mundo seria retornarmos aos fenômenos originários, tentarmos religar essa relação perdida pelas representações da consciência, por fora dela. Desse modo, com o abandono do pensamento de sobrevoo e com a luta contra o império da representação, o autor revela que a fonte da linguagem seria a fala, modulação existencial do corpo próprio. A fala se apoiaria na intenção do sujeito falante, o qual infla a palavra de significação própria, pois seu sentido adviria do gesto e não do pensamento. Seria pelo interior do gesto que perceberíamos que a palavra é fonte de sentido e não uma representação de algo. A fala nasceria para ampliar a capacidade de movimento do corpo e não para representar os objetos ou suas relações. Ao retomar o sentido instaurado pela percepção, a fala o prolongaria à comunicação. Falar significaria, assim, uma forma de projeção ao mundo e uma forma de evocação das experiências. Retomar-se-ia o passado, seja para dar-lhe um novo sentido (gesto) ou para recordá-lo (hábito). Seria esse o meio que Merleau-Ponty, com a fala, conseguira revelar a última faceta do corpo próprio, reformulando o problema do mundo.