Avaliação dos Poluentes Orgânicos Persistentes em fêmeas vivas adultas e da transferência maternal em três espécies de tartarugas-marinhas que desovam no Brasil: Caretta caretta, Chelonia mydas e Lepidochelys olivacea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Filippos, Luciana Saraiva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Egg
Ovo
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21137/tde-24022022-183645/
Resumo: O presente trabalho avaliou a contaminação por Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) no plasma e ovos de fêmeas de Caretta caretta, Chelonia mydas, e Lepidochelys olivacea que desovam no Brasil e se alimentam ao longo do Atlântico Sudoeste. A partir de amostras pareadas dessas matrizes da mesma fêmea, a transferência maternal foi avaliada. Os POPs, como os Bifenilos Policlorados (PCBs), Pesticidas Organoclorados (POCs) e Éteres Difenil Polibromados (PBDEs), são lipofílicos, tem alta estabilidade, toxicidade e baixa degradabilidade. Eles permanecem no ambiente por longos períodos, bioacumulam-se nos organismos, como as tartarugas marinhas e biomagnificam-se na cadeia alimentar. Esses quelônios, que estão ameaçados de extinção, podem ser utilizados como indicadores ambientais do ambiente onde se alimentam e vivem. A utilização de sangue e/ou plasma para a avaliação de POPs permite o monitoramento de animais vivos, diferentemente do uso de carcaças. Como a alimentação é a principal rota de exposição aos POPs, isótopos estáveis de carbono (13C) e nitrogênio (15N) das células vermelhas do sangue foram utilizados para elucidar a ecologia trófica das espécies. Foram coletadas amostras de fêmeas de C. mydas (n=31) na Reserva Biológica do Atol das Rocas RN, de C. caretta (n=28) e L. olivacea (n=19) no litoral norte da Bahia. Um total de 51 PCBs, 15 POCs e 7 PBDEs foi analisado em um cromatógrafo a gás acoplado a espectrômetro de massas triplo quadruplo (GC/MS/MS). Os isótopos foram avaliados em um analisador elementar acoplado a espectrômetro de massa de razão isotópica (IRMS). C. caretta apresentou as maiores concentrações de POPs, seguida por L. olivacea e C. mydas. As maiores concentrações medianas em ng g-1 (massa úmida) ocorreram para o PCB, com os seguintes valores para os plasmas e ovos: 0,227 e 0,351 para C. mydas, 1,34 e 2,50 para C. caretta e 0,425 e 1,80 para L. olivacea. O HCH foi o principal pesticida para C. mydas e o DDT para as demais espécies. A ocorrência de variações inter e intraespecíficas dos POPs nos plasmas e ovos e das razões isotópicas nas células-vermelhas do sangue refletem a plasticidade das espécies no uso de habitat e recursos alimentares. A partir das concentrações das matrizes pareadas, obteve-se correlação significativa e positiva para PCB e seus principais congêneres e DDT para C. caretta e L. olivacea, e para o PCB 153 em C. mydas, comprovando a transferência maternal. Apesar dos POPs terem sido banidos e/ou restringidos, as tartarugas avaliadas ainda estão expostas a esses contaminantes. Os dados apresentados neste trabalho são inéditos para a contaminação das fêmeas e seus respectivos ovos, além de ser o primeiro a avaliar POPs em plasma e ovo de L. olivacea e amostras pareadas para C. caretta. Esse estudo contribuiu para o conhecimento da contaminação por POPs nas tartarugas marinhas da costa brasileira, para auxiliar em estudos e programas de monitoramentos futuros, bem como em estratégias de conservação das tartarugas marinhas.