Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Ferreira, Pedro Beresin Schleder |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-12062017-091257/
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Resumo: |
Este trabalho tem como objetivo deslindar consensos e firmar interpretações para o \"fazer-se\" da cidade de São Paulo a partir da consideração das múltiplas dinâmicas, relações, estratégias, confluências e disputas que foram articuladas pela ampla gama de agentes envolvidos nesse imbricado processo. Não à toa escolhemos a Avenida Angélica, das décadas de 1890 a 1920, como objeto. Sobre ela incide na historiografia uma imagem monolítica, que reitera a explicação da modernização de São Paulo como a vitória plena e triunfante de um projeto consensual das elites. Sendo assim, trata-sede um palco privilegiado para observarmos as tensões, fissuras e incongruências ocultadas por essa homogeneidade construída e darmos passos em direção a outros caminhos explicativos possíveis. Para tanto, nos valemos de vasto corpus documental que nos permitiu penetrar em diversos âmbitos e dimensões do processo de consolidação e vivência da Avenida. Através das atas camarárias, pedidos de obras, jornais e cartografias, adentramos em seu espaço-tempo a partir de quatro perspectivas: as agitações de seu mercado de terras e imóveis, os conflitos no estabelecimento de regulamentações construtivas, as ambivalentes experiências e expectativas diante de seu \"progresso\" e as múltiplas relações sociais, materiais e econômicas envolvidas no chão de sua vida cotidiana. Por meio dessas, descobrimos que ali, lado a lado com os anseios exibitivos e segregativos das elites e do Estado, habitavam as ruas, batalhavam por suas estratégias e direitos, desenvolviam suas vidas e erguiam suas residências os mais diversos membros dos setores médios e trabalhadores da cidade. Percebemos que os grupos e classes tampouco eram estanques, mas homogêneos e heterogêneos, fraternos e competitivos, de uma só vez. Isso porque os interesses públicos e privados de seus membros, fossem das elites ou dos menos apossados, variavam de acordo com as circunstancias. Essas oscilações nos anseios e nas conjunturas tornavam o \"fazer-se\" da Avenida um dinâmico mosaico de fronteiras. Limiares multidimensionais, que eram entrecruzados pelos universos das relações sociais, materiais e simbólicas. Longe de configurarem \"muros\", as fronteiras eram cambiantes e de consistência variada. Quando porosas, configuravam espaços de associação e negociação entre os agentes. Quando cerradas, tornavam-se limiares de rijos conflitos, disputas e tensões. Em suas bordas, encontros e desencontros conformaram um \"fazer-se\" irrequieto, plural e movediço. Longe de ser plena, a Angélica era uma encruzilhada, onde encontravam-se os desejos, táticas e práticas da ampla e variada gama de seus habitantes, configurando uma modernização ambivalente, plural, imbricada. Ao invés de unívoca e retilínea, era uma Avenida de mil vias tensas e entremeadas. |