Educação, arte e violência segundo as narrativas dos professores de arte e música: uma análise cartográfica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gera, Raissa Porto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Art
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-13112023-084205/
Resumo: O presente estudo buscou acompanhar os processos de produção de subjetividade vivenciados por oito professores, cinco de música e três de arte, da Educação Básica que trabalham em escolas municipais e estaduais situadas em uma cidade do interior do estado de São Paulo. A pesquisa foi desenvolvida a partir da aproximação dos temas \"educação\", \"arte\" e \"violência\" com o pensamento de Gilles Deleuze e Félix Guattari e da compreensão de conceitos relevantes da Esquizoanálise, tais como: rizoma, palavra de ordem, agenciamento, regimes de signo e linhas de segmentaridade. Adotou-se a Cartografia como metodologia de pesquisa e, como estratégia de acompanhamento de processos, foram realizadas entrevistas de manejo cartográfico e observações participantes. As observações participantes serviram como meio para que a pesquisadora pudesse habitar os contextos escolares em que os professores estavam inseridos e identificar possíveis situações em que a educação e a arte contribuem para o enfrentamento da violência escolar. Foram colhidos, no contexto das entrevistas, relatos que expressaram as subjetivações produzidas por professores acerca dos temas \"educação\", \"arte\" e \"violência\", traçando suas perspectivas acerca do papel da arte na educação e a contribuição de ambas para o combate à violência escolar. A análise de dados das entrevistas se assemelha ao Estudo de Casos Múltiplos e, portanto, não se buscou traçar resultados genéricos, mas apresentar o acompanhamento dos processos vivenciados por cada participante. Como resultados, percebeu-se que todos os relatos, em algum grau, se aproximaram de uma perspectiva esquizoanalítica da arte e da educação, uma vez que evidenciaram como a educação através da arte envolve os afetos, movimentos de desterritorialização, devires e processos de subjetivação, o que indicou a relevância da arte para a construção de uma educação libertária. Com relação a violência escolar, os participantes pontuaram sobre a importância da mediação do professor em situações conflituosas e do acolhimento afetivo de alunos que apresentam comportamentos vistos como inadequados. Sobre as contribuições da arte para o combate à violência escolar, os discursos se voltaram para o uso da arte na busca por soluções saudáveis para conflitos, realização de debates sobre temas considerados tabus (como a própria violência), expressão e valorização de potencialidades e singularidades dos alunos. Em alguns relatos, houve a denúncia de que a violência se encontra na própria organização da instituição escolar e da sociedade, o que é um reflexo do que Michel Foucault e Gilles Deleuze chamam, respectivamente, de sociedade disciplinar e sociedade de controle. As observações participantes evidenciaram como as aulas de arte e música possibilitam um processo de ensino-aprendizagem mais sensível, que considera os alunos como protagonistas e estimula a expressão de singularidades, o que auxilia para um espaço escolar menos violento. Através da arte e da música, é possível criar desvios da educação hegemônica, combater a violência e construir caminhos para uma educação democrática que abarca toda a multiplicidade que habita a realidade escolar. Destarte, a pesquisa buscou dar voz e valorizar as vivências dos professores de arte e música, ressaltando a potência de ação e transformação desses agentes escolares.