Saúde Mental e Apoio Psicossocial em Emergências Humanitárias: uma análise crítica entre políticas e práticas atuais de assistência.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Gagliato, Márcio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6140/tde-21032019-170435/
Resumo: Existe uma tensão extraordinária no sistema humanitário: crises e emergências atingem cada vez mais povos, duram mais e são gradativamente mais complexas. As consequências dos conflitos armados e desastres socioambientais para a saúde mental e bem-estar psicossocial de indivíduos e povos, bem como para a ecologia social e os recursos comunitários significativos, já são reconhecidas e continuamente pesquisadas. Esta tese, a seu turno, explora as práticas e políticas do setor de Saúde Mental em emergências humanitárias e toma como ponto de partida analítico o desenvolvimento das Diretrizes do Comitê Permanente Interagências (IASC) em Saúde Mental e Apoio Psicossocial (SMAPS) em emergências humanitárias, lançadas no ano de 2007, assim como sua subsequente disseminação e configuração de governança, além de sua influência sobre projetos e instituições. As diretrizes IASC representam um marco lógico de importante contribuição para o setor de ajuda humanitária, no entanto, ainda constituem um campo de várias disputas e paradoxos, não só na área das referências teóricas e práticas em SMAPS em emergências humanitárias, como também relativamente à sua inserção em uma economia-política do setor de ajuda humanitária paradoxal nos princípios humanitários e éticos. Essa inserção molda as características particulares do funcionamento das Diretrizes e influencia a maneira como se produzem práticas e políticas. Fundamentando-se na pesquisa-ação, nas experiências do autor, o qual atuou como psicólogo na linha de frente em crises humanitárias na Líbia, Gaza, Síria, Timor-Leste e outros contextos, e em entrevistas com atores internacionalmente renomados e responsáveis pela elaboração e gestão de políticas internacionais do setor global de SMAPS, esta tese examina esse processo em detalhe, considerando o desenvolvimento e evolução das Diretrizes IASC de SMAPS e como, atualmente, a área de SMAPS se configura no interior da economia-política do setor humanitário. Mais explicitamente, analisam-se as maneiras como o discurso e a prática do setor de SMAPS são transformados pela estrutura humanitária que ele engendra. Desse modo, e por meio da discussão de todos esses elementos, este trabalho objetiva realizar uma revisão de elementos que influenciam e permitem o desenvolvimento de assistência humanitária seja cooptada em formas particulares que se articulam a interesses não humanitários, moldando substancial e prejudicialmente os projetos de SMAPS em emergências humanitárias ao redor do mundo.