Estudo retrospectivo da toxoplasmose em primatas neotropicais de vida livre: análises histopatológica, imuno-histoquímica e molecular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Alessandra Loureiro Morales dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10133/tde-30052022-122047/
Resumo: A toxoplasmose é uma doença infecciosa causada por um protozoário intracelular obrigatório, o Toxoplasma gondii (T. gondii). O T. gondii apresenta distribuição ubíqua, e tem o potencial de infectar células de animais homeotérmicos, os quais, comumente permanecem cronicamente infectados e assintomáticos. No entanto, estudos centrados em primatas neotropicais (PNT) mantidos sob cuidados humanos em cativeiro apontam que estes animais, classicamente, cursam com um quadro agudo e fatal de toxoplasmose. No presente trabalho foram selecionadas amostras de PNTs disponíveis no arquivo do Instituto Adolfo Lutz (IAL), que constavam de diagnóstico prévio sugestivo ou confirmatório de toxoplasmose sistêmica. As amostras, provenientes de vários estados da federação, foram enviadas ao IAL devido ao programa de vigilância de febre amarela, uma vez que o IAL é referência macrorregional para diagnóstico desta enfermidade. Assim, 61 PNTs, recebidos no período entre janeiro de 2015 a junho de 2020, primordialmente de vida livre, das famílias Atelidae e Cebidae (gêneros Brachyteles arachnoides, Alouatta spp e Callithrix spp) foram estudados epidemiologicamente e as amostras foram submetidas às análises histopatológica, imuno-histoquímica e molecular. Na análise histopatológica, foram avaliados sistematicamente os seguintes órgãos e tecidos: fígado, baço, rim, pulmão, coração e encéfalo. A análise imuno-histoquímica teve como objetivo a confirmação da presença de antígeno, realizada principalmente em fígado e baço. A análise molecular, realizada a partir da extração de material genético principalmente de tecido hepático, englobou as técnicas de reação em cadeia de polimerase (PCR) em tempo real e de genotipagem por polimorfismo de comprimento de fragmentos de restrição (PCR-RFLP). Houve maior predomínio de animais da família Cebidae (61%) em relação à família Atelidae (36%). Os PNTs de vida livre majoritariamente foram encontrados em regiões antropizadas, englobando zona urbana ou rural (91%). Os resultados histopatológicos mais frequentes foram hepatite necrotizante multifocal aleatória (100%) majoritariamente mista (98%); esplenite necrotizante (96%) predominantemente aguda (85%); e pneumonia intersticial necrotizante mista multifocal (95%), com congestão (93%), edema (93%) e/ou hemorragia alveolar (83%). A imuno-histoquímica foi positiva em 100% dos casos, enquanto que a PCR em tempo real foi positiva em 97% dos casos. A imuno- histoquímica foi graduada de acordo com a quantidade de formas parasitárias imunomarcados, tanto em fígado quanto em baço, apresentando concordância estatisticamente significativa em tecido hepático em relação a quantidade de ciclos (Cq). A genotipagem apresentou tipificação de pelo menos 10/11 marcadores em 22 amostras, e permitiu a detecção de 21 potenciais novos genótipos, somada a identificação de um genótipo previamente indexado (ToxoDB #97) em um Callithrix spp. de vida livre, de zona urbana do município de São José do Rio Preto/SP; tal genótipo havia sido previamente descrito vinculado a ocorrência de toxoplasmose severa aguda fatal em humanos saudáveis residentes da região amazônica. Os resultados reforçam a divergência da susceptibilidade a toxoplasmose entre as famílias de PNTs e salientam a relevância do estudo da toxoplasmose em PNTs no contexto de saúde única.