Encaminhamentos a recuperação paralela: um olhar de gênero.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Pereira, Fábio Hoffmann
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-08102008-143805/
Resumo: Este trabalho apresenta os resultados da pesquisa que teve por objetivo analisar a percepção que as professoras têm de alunos e alunas encaminhados à recuperação paralela. O objetivo da pesquisa foi verificar se os motivos pelos quais meninos e meninas são encaminhados/as à recuperação paralela são semelhantes, ou se diferem de acordo com o sexo do/a estudante. A pesquisa baseou-se nos estudos sobre as relações de gênero e educação e em estudos sobre o fracasso e o sucesso escolar. As hipóteses iniciais eram de que os meninos seriam encaminhados por motivos não necessariamente ligados à sua real dificuldade de aprendizagem, seja por conta de indisciplina, seja por uma suposta culpabilização da família que não ajudaria o aluno nas tarefas escolares em casa, por exemplo. Já as meninas seriam encaminhadas por conta de dificuldades de aprendizagem geradas por timidez, apatia, deficiência mental, etc., ou seja, o motivo de encaminhamento das alunas seria por uma dificuldade intrínseca à menina, não havendo muita esperança de que a recuperação paralela contribuísse para que ela avançasse, já que sua dificuldade estaria atrelada a fatores psicointelectuais. A pesquisa de campo centrou-se em uma escola do Município do Embu que possuía um projeto de recuperação para alunos com dificuldades em leitura e escrita: o Projeto Letras e Livros e contou com observações e entrevistas semi-estruturadas com as professoras regentes de classe (que encaminham as crianças) e as professoras atuantes no Projeto Letras e Livros, além de observações das reuniões de conselho de classe ao longo do ano letivo de 2006. Tanto o Projeto analisado quanto a escola que serviu como campo para a pesquisa foram escolhidos devido à boa estrutura e organização e aos bons resultados que vinham mostrando nos anos de 2002 a 2006. Os resultados apontaram para a confirmação de que, independentemente de um trabalho articulado e reflexivo por parte das professoras, ainda se culpabiliza a família e a pobreza de algumas crianças, numa maioria de meninos, pela sua dificuldade de aprendizagem. Porém, esta questão não se apresentou tão forte quanto a literatura acadêmica vem mostrando. Na escola pesquisada, os aspectos referentes à não adequação da criança a um ofício de aluno valorizado pelas professoras - este ofício de aluno é tomado aqui como um modelo da maneira como o aluno ou a aluna deve se comportar, agir e ser dentro das dinâmicas escolares, ou seja, o não ajuste de algumas crianças ao que é esperado delas no momento de se organizar, se concentrar na aula, se comportar diante dos colegas e da professora, etc., - pode fazer com que a criança seja percebida como um/a aluno/a com dificuldade de aprendizagem. Algumas dificuldades citadas pelas professoras, entretanto, são percebidas mais em meninos e outras em meninas, evidenciando que as construções sociais sobre o masculino e o feminino contam muito ao avaliar quem precisa ou não de apoio extra na aprendizagem escolar.