Avaliação longitudinal pós-natal dos efeitos da exposição gestacional de camundongos à fumaça da queima de Cannabis sativa sobre o desenvolvimento e estrutura da retina da prole

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Zantut, Paulo Roberto de Arruda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5149/tde-25102019-153920/
Resumo: Objetivos: Estudos epidemiológicos recentes mostram que o uso de Cannabis sativa (maconha) durante a gravidez é cada vez mais frequente. Estudos experimentais evidenciam que o uso da maconha durante a gestação afeta o desenvolvimento fetal, peso ao nascer e o desenvolvimento infantil. Os receptores canabinoides estão presentes na retina de camundongos desde o nascimento. Os efeitos da exposição de gestantes à droga sobre a saúde fetal, especialmente sobre a retina em desenvolvimento, ainda não são bem compreendidos. Considerando que o período pré-natal é potencialmente sensível no desenvolvimento normal da retina, o objetivo deste estudo foi avaliar se os camundongos nascidos de mães expostas à fumaça da queima da Cannabis inalada durante a gestação apresentaram alterações morfológicas na retina ao longo da vida em comparação aos camundongos cujas mães não foram expostas à fumaça da queima da Cannabis. Métodos: Parâmetros biométricos fetais foram avaliados por ultrassonografia, dopplervelocimetria e testes comportamentais em neonatos e jovens adultos. A exposição das gestantes foi realizada através de um aparato para geração e inalação de fumaça capaz de mimetizar o uso recreacional de Cannabis em humanos. Dez fêmeas grávidas de camundongos BALB/c foram expostas à fumaça da queima de cigarros de Cannabis sativa a partir do 5,5° dia gestacional (DG) (fase pós implantacional) até o 17,5° DG (grupo Cannabis, CAN) e dez fêmeas foram expostas à inalação de ar filtrado (grupo controle, AF). Para avaliar as alterações estruturais in vivo da retina da prole, foram realizadas tomografia de coerência óptica de domínio espectral (Heildelberg Engineering, Alemanha) em 20 animais no 60º dia (camundongo adulto jovem), 120º, 200º e 360º dias pós-natal (DPN) (camundongo idoso) sob sedação. Trinta e sete camundongos de ambos os grupos foram sacrificados nos 20º, 60º ou 360º DPN para estereologia da retina (cálculo do volume fracionário das camadas da retina, volume de cada camada retiniana e volume total da retina) e microscopia de luz. Resultados: Os dados tomográficos mostraram que os animais do grupo CAN apresentaram diminuição de 17% na espessura total da retina no 120º DPN (p=0,005) quando comparados aos animais do grupo AF e essa diferença foi devida à redução de 21% na espessura na retina externa (p < 0,001). Na análise de cada camada da retina, os animais do grupo CAN apresentaram aumento na espessura da camada de segmentos internos e externos dos fotorreceptores em comparação ao grupo AF (p < 0,001). Na análise volumétrica pela estereologia da retina, os animais do grupo CAN apresentaram aumento de 89% do volume da camada de segmentos internos e externos dos fotorreceptores em relação ao grupo AF (p=0,001) e normalização no 360º DPN (p=0,001). Na análise da retina sob microscopia de luz, os animais do grupo CAN apresentaram espessamento de 64% na camada de segmentos internos e externos dos fotorreceptores no 360º DPN em relação ao grupo AF (p=0,041). Conclusão: A exposição materna durante a gestação à fumaça da queima da Cannabis sativa altera o desenvolvimento normal da retina da prole e esse efeito se mantém mesmo na fase adulta dos camundongos. Essas alterações são evidências experimentais de que os indivíduos cujas mães usaram maconha durante a gestação devem ser acompanhados por oftalmologista mais precoce e mais regularmente que os indivíduos cujas mães não usaram maconha