Performances de memória no romance irlandês contemporâneo (2000-2020)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Batista, Camila Franco
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-23062021-190757/
Resumo: Esta tese de doutorado tem o propósito de investigar a construção da memória cultural em quatro romances irlandeses contemporâneos: Star of the Sea (2002), de Joseph O\'Connor; Days Without End (2016), de Sebastian Barry; Fallen (2014), de Lia Mills; e The Rising of Bella Casey (2013), de Mary Morrissy. Propõe-se que os romances do corpus são performances de memória, isto é, construções da memória cultural que exploram os discursos histórico e memorialístico para criar figuras de memória que, por fim, trazem à memória cultural perspectivas silenciadas ou esquecidas pelo discurso histórico dominante. Divide-se o trabalho em duas partes temáticas: na primeira, analisa-se a construção da memória cultural da Grande Fome e da diáspora irlandesa para os Estados Unidos nos romances Star of the Sea e Days Without End; discute-se como a memória social da Grande Fome colabora para a construção da memória cultural da catástrofe em Star of the Sea. Assim como a Grande Fome, a diáspora aos Estados Unidos é explorada como memória traumática, e a participação irlandesa na expansão para o Oeste norte-americano traz a memória do trauma dos perpetradores. Na segunda parte examina-se a composição da memória cultural da Primeira Guerra Mundial e do Levante de Páscoa de 1916 em Fallen e The Rising of Bella Casey. Ressalta-se a intenção de Fallen em recuperar a memória acerca da participação irlandesa na Primeira Guerra Mundial, um assunto controverso durante grande parte do século XX devido à imposição da memória política do Estado Livre Irlandês - que se define como celta, católico e republicano. Discute-se também a construção de lugares de memória através da criação de monumentos e como estes refletem conflitos pelo domínio da memória cultural. Em The Rising of Bella Casey há a recuperação das vozes de mulheres na figura de Isabella Casey, irmã do dramaturgo Seán O\'Casey, que renasce criativamente durante o Levante de Páscoa de 1916. Investiga-se como o romance se posiciona como uma performance de memória que contesta a memória política do Estado Livre Irlandês e a exclusão de vozes dissonantes. Verifica-se que os romances selecionados para esta análise não apenas exploram o discurso histórico como cenários para a trama, mas trabalham com história e memória para produzir textos memorialísticos e, consequentemente, performar a memória na contemporaneidade.